Manual de Sobrevivência para Músicos Independentes


Em sua primeira coluna, Andy Alves fala sobre os primeiros passos para "sair da garagem"

por Andy Alves


Andy tocando com o The Name no Planeta Terra Festival 2011 (foto: Fabrício Vianna)


Entre o fim do The Name (Dez/2011) e o primeiro lançamento do Club America (Jun/2012), trazendo na bagagem uma indicação ao VMB, um SXSW (EUA) e um show no Planeta Terra, me enveredei (na verdade bons meses antes do The Name terminar) em dar uma espécie de consultoria, assessoria ou o nome que quiserem dar, para outras bandas que estão começando, com dúvidas sobre como lançar um trabalho, onde lançar, com quem falar, como fazer, entre diversas outras dúvidas que geralmente passam na cabeça dos novos artistas e acabam, na maioria das vezes enterrando trabalhos que poderiam ter muito mais repercussão - uma vez que sempre desenvolvi esse trabalho na extinta banda e na minha banda atual.

Nesses quase dois anos, me deparei com muitas dúvidas, cases de sucesso e insucesso e, junto com a amiga Izadora, surgiu a ideia de falar um pouco sobre essas estratégias, ideias, ações e dicas para uma carreira (grande ou não) saudável. Não sou nenhum expert, pelo contrário, mas creio que possamos desenvolver um bom conteúdo sobre como sobreviver independente nos dias atuais.

Para estas primeiras linhas (e já coloco aqui que tudo tem exceção e estou falando de uma forma geral), gostaria de falar sobre um ponto que me assusta muito nos bastidores da esmagadora maioria das bandas: a relação show against imprensa/divulgação. Não há dúvidas de que o show é parte crucial e está entre as ações mais importantes na base de construção da imagem do artista, para não dizer também que é, para a maioria, a parte mais prazerosa do trabalho. Porém, existe uma lei inversa de demanda quando tratamos proporcionalmente o agendamento de show contra a imprensa (e aí colocamos todo o tipo de divulgação no mesmo balaio de gato).

Sempre achei que o Tostines vende mais porque é fresquinho. Geralmente existe uma ansiedade monstruosa em fazer shows, participar de festivais, sem antes pensar no material gerado que proporciona o interesse, mesmo que mínimo, em uma apresentação. E, nesse ponto, coloco desde o público final até a curadoria de festivais (grandes ou pequenos), das casas de show, bares e qualquer quartinho ou sala que vire um local para a banda se apresentar.

Veja só, se a banda não tem galgada uma visualização mínima, por que um lugar iria contratar um show seu? Por que o Planeta Terra, Lollapallooza, Rock in Rio ou qualquer outro festival grande iria te chamar? Se o show não tem um propósito (lançamento do novo EP, lançamento do novo single, lançamento do novo clipe, turnê de divulgação de x, y ou z), se o artista não faz uma divulgação entre a imprensa (e hoje sabemos que existe um mercado muito mais aberto e tangível, que é a internet), existiria uma demanda suficiente que faça o artista circular fora do seu ciclo de amizades? Entenda que tocar nas casas de show da sua cidade, do amigo da banda que é sua amiga, do evento que seu amigo faz é importante e está nos planos, porém é fácil e pode ser negociado com uma cerveja na mão, direto com o dono do local ou o amigo. Falo aqui da abertura das fronteiras, que começam com a abertura do seu mercado de fãs, com a aceitação da imprensa e geração de materiais e lançamentos que gerem interesse nas casas, bares e afins. Primeiro a gente gera o interesse, trabalha com isso e, em um futuro próximo, o telefone toca.

“Sair da garagem” não é apenas pegar o carro e ir tocar por tocar, a não ser que este seja o teto do seu plano de carreira.

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