Entrevista: Francisco, El Hombre parte em nova turnê pela América Latina

(Foto: Eduardo Mancini)
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UPDATE:


A Francisco El Hombre foi assaltada em Mendoza, na Argentina, e agora arrecada fundos para poder dar continuidade à turnê. Saiba mais sobre a campanha no site Salve Francisco.

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Até que o BACKBEAT tentou marcar um café com a Francisco, El Hombre, mas foram tantos os desencontros que tivemos que procurar uma outra alternativa para batermos um papo. É que a banda está correndo atrás de todos os detalhes de sua nova turnê, Mochilazo, que terá início agora, entre o Natal e o Ano Novo, e irá percorrer algumas cidades do Brasil, Chile, Argentina e Uruguai nos próximos dois meses.

Com base em Barão Geraldo, distrito de Campinas, a banda, formada pelos irmãos mexicanos Sebastián e Mateo Piracés-Ugarte, que cresceram percorrendo o mundo e pelos brasileiros Andrei Martinez Kozyreff (guitarra), Juliana Strassacapa (voz e percussão) e Rafael Gomes (baixo) começou a ganhar destaque na cena em 2012, com um documentário lançado pelo site Pulsa Nova Música e, após muitos shows e turnês (esta é a segunda pela América Latina), viaja enquanto também se prepara para o álbum La Pachanga, que será lançado em 2015 com um nome que traduz o espírito festeiro e nômade da banda.

Entre a despedida da família e a correria dos preparativos para a viagem, Sebastián conversou com a gente por e-mail.

Confira aqui:

BACKBEAT: Nos desencontramos bastante para realizar essa entrevista. O que a Francisco, El Hombre fez nos últimos dias antes de sair em turnê?

Sebastián: Enquanto respondo esta entrevista, estou lavando as 4 camisetas, 4 cuecas, 2 shorts, 1 calça e 1 blusa que vou levar, preparando a mesa de jantar para nos despedirmos da nossa família (nossa prima Maria veio nos visitar do México) e tirando o lixo da nossa nave mãe. Nos últimos dia antes da turnê aproveitamos para descansar um pouco com amigos queridos e ver alguns detalhes da turnê: algumas datas caíram e estamos correndo atrás de hospedagens e shows.

Por quais lugares vocês irão passar e o que já está combinado?

Vamos fazer uma rota que nos leve de Barão Geraldo até Concepción, Chile, passando por várias cidades no Chile, Argentina, Uruguai e Brasil no caminho. Temos a grande maioria dos shows marcados e confirmados, mas deixamos algumas "janelas" abertas para podermos também abraçarmos novas oportunidades. Da última vez saímos de casa com 50% dos shows marcados e abraçamos a vida de artista de rua - desta vez, ainda que as datas estejam mais certas, ainda queremos poder "improvisar", como sempre fizemos.

As surpresas sempre aparecem, não é mesmo? Da última vez que vocês sairam em turnê pela América Latina, quais foram as melhores delas?

Sempre. Turnês são montanhas russas de emoções e sentimentos. Da última vez que saímos em turnê pela América Latina tivemos a oportunidade de conhecer muitos artistas incríveis, como Chinoy, Maria Colores, Angelo Escobar, Rodrigo Qowasi, Javier Barría, Demian Rodriguez, Max Berrú, sem contar as amizades que fizemos tocando na rua e em lugares inesperados, encontrar amigos no meio da estrada e perder o carro no meio da Cordilheira dos Andes. Podemos fazer um livro com os casos de turnês! Sem contar as turnês pelo Brasil (recentemente passamos dois meses em turnê/viagem pelo nordeste, aprendendo e tocando).

Como costuma ser a viagem de vocês? Como vocês vão até os lugares, como são as paradas...?

Geralmente andamos com a nossa nave mãe, Livin'a Vida Loka, mas também já pegamos caronas, ônibus, aviões etc. Para esta turnê levaremos mais instrumentos no colo, menos roupas, mais merch e menos dinheiros (tivemos altos prejuízos financeiros estes últimos tempos). A rotina é simples: bota as coisa no carro, se enfia estilo 20 palhaços num Fusca, dirige 4 a 10 horas, chega no local, descarrega, passa o som, come (quando da tempo), toca, curte a festa, dorme (quando dá tempo) e repete durante dois meses.



Quais são os principais desafios de largar tudo e viver de música? O que vocês acreditam ser a "fórmula" deste estilo de vida?

Os principais desafios vêm de necessidades básicas. É MUITO difícil viver de música independente - não ganhamos quase nada de grana, nos falta comida em casa, as contas são atrasadas e luxos são restritos. Há quem acredite que a alta quantidade de shows que temos se transformam em lucro, mas estamos partindo para a turnê de 2 meses com menos de 300 reais na caixinha da banda, torcendo para que consigamos vender merch suficiente para chegar nas próximas cidades. Não há fórmula certa para viver este estilo de vida, cada um se vira como consegue - a Ju trabalha em bares e tatua, o Gomes faz uns trampos de técnico de som, Mateo e eu discotecamos e produzimos festas. O primeiro passo é entrar de cabeça neste barco que é viver de arte independente e abraçar o fato de que vai ser difícil se virar. A união entre artistas independente faz toda a diferença do mundo - ESTAMOS NO MESMO BARCO JUNTXS!

No que vocês mais se inspiram para compor? O que podemos esperar de La Pachanga?

Cada banda tem suas fases. La Pachanga é a incorporação de tudo que aprendemos na turnê pelas América Lindas. Não esperem nada (risos), é para ser um lançamento despretensioso, positivo, simples e alegre. Para mim, La Pachanga será aproveitar a verdade que existe nas mensagens mais cruas e simples: foi gravado em 4 dias e meio! Ainda estamos amadurecendo.

O que não pode faltar em uma turnê como a de vocês?

Toalhas (já tivemos que compartilhar 2 toalhas entre nós 5 e foi complicado haha) e discos de bandas que vamos conhecendo no caminho: ouvimos tudo que nos é apresentado e passamos horas na estrada conversando sobre elas (se você tiver uma banda e nos encontrar pelo caminho, nos dê um disco!).

Quais as bandas mais legais que vocês andam ouvindo no momento?

Mateo está ouvindo o disco novo do Criolo aqui da sala da casa dos nossos pais enquanto escrevo, Tavinho não tira o disco novo do Russo Passapusso do som da sala da nossa casa, eu tô viciado nos eps do Sala Espacial, no disco novo do Medulla, no Serviço do Castello Branco, Boogarins, Onda Vaga, Novos Baianos, R. Sigma, muito afrobeat e estou atualmente baixando a discografia do Raul Seixas: acredito que nunca fui formalmente apresentado à sua obra de vida, apenas alguns sucessos.

Ouça o primeiro EP da banda, lançado em 2013

Encontre Francisco, El Hombre no Facebook e fique por dentro das datas da turnê

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