Resenha: O passo atrás de Mumford & Sons em "Wilder Mind"



Nem sempre dar um passo atrás é sinônimo de regresso. Há aquela recuada necessária para se pegar impulso e conseguir saltar para mais longe. Talvez este seja o caso Wilder Mind. Talvez... Por ora, ele é só o pior disco da Mumford & Sons mesmo.

A ideia para o terceiro trabalho da banda soa como uma decisão acertada: era preciso mostrar além da fórmula que os tornaram um fenômeno que soube muito bem como desenvolver o conceito Folk de arena e que deu origem a milhares de bandas-clones. Apesar disso, falta algo ao álbum. E não é o banjo! Quando várias pessoas chegam a conclusão que uma das faixas do disco parece ter influência de Coldplay, é hora de admitir que alguma coisa saiu errada. E este é o caso de Believe, embora seja uma das músicas que melhor faz a transição Folk/Rock para Rock/Pop proposta pelo ingleses.

Tompkins Square Park abre o disco mostrando algo que vai se repetir em outras faixas: a bateria chupada de The National. Nesse ponto, todas as influências para este disco são muito claras - Rock oitentista com cara de moderninho, guitarra ala The Strokes, Springsteen aqui, camadas de sintetizadores para dar leveza ali.. Isso não é de fato um problema em si, mas levanta a questão: por que raios o mundo precisaria de uma banda que, goste você ou não, tinha uma identidade bem definida, parecendo uma mescla de tantas outras bandas da atualidade?

Wilder Mind é essa mistura toda. Nenhuma faixa é chata, nenhuma é ruim. A produção de James Ford (Arctic Monkeys, Haim, Florence and the Mahcine) e Aaron Dessner (The National) procura fazer essa mudança sonora de um jeito que preserva antigos elementos espalhados pelo disco. Believe mantém o refrão de frases repetidas e sentimentalismo. The Wolf traz os arranjos que terminam numa explosão instrumental. Ainda há algumas palmas em Just Smoke, que por sinal é uma das faixas que mais vai agradar antigos e novos fãs.


Talvez, a grande ausência sentida em Wilder Mind seja a da emoção nas letras das canções. Para uma banda que já entregou reflexões mais relevantes e amores bem mais explorados, está tudo um tanto mais superficial agora. Coincidência ou não, este é o disco com maior participação dos outros integrantes, além de Marcus Mumford, nas composições.

O álbum não é um desastre. Cold Arms é a faixa mais delicada e pode ser facilmente colocada ao lado do trabalho restante da banda, assim como Only Love. Snake Eyes se destaca como o melhor resultado proposto por essa nova roupagem. Ainda assim, este é o álbum mais fraco do Mumford & Sons até aqui, e por isso a sensação de decepção é inevitável.

Que este passo atrás resulte em um belo salto à frente nos próximos anos.


Melhore músicas: Cold Arms, Snake Eyes, The Wolf.
Pior música: Hot Gates.
Nota: 6,5

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