City and Colour: uma linha tênue entre o silêncio e a euforia


São quase 10 anos que separam o primeiro disco (Sometimes, de 2005) da primeira vinda do City and Colour ao Brasil. Nem mesmo a despedida do Alexisonfire poderia compensar a espera de um show do, até então, projeto paralelo de Dallas Green. Como diz o ditado, são “dois pesos, duas medidas”.
No fim do ano passado, o anúncio de uma única apresentação em São Paulo rendeu ingressos esgotados em pouquíssimos minutos e 2 shows extras antes do “oficial”; uma surpresa para o próprio Green e todos os envolvidos na primeira turnê da banda pela América do Sul. O Cine Joia, no bairro da Liberdade, ficou pequeno demais para os tantos admiradores de City and Colour, que enfrentaram dias chuvosos e a infeliz programação das 3 noites – o show do dia 13, por exemplo, estava marcado para começar às 23h59 (!).
Apesar do horário ridículo (aqui, estamos falando de uma casa de shows DO LADO do metrô, o que seria uma vantagem para o público), não demorou muito para que Dallas Green, Dante Schwebel (guitarra), Jack Lawrence (baixo), Doug MacGregor (bateria) e Matthew Kelly (teclado) entrassem no palco. Enquanto a simplicidade de Forgive Me se misturava com o entusiasmo dos fãs, que cantavam junto a plenos pulmões, músicas como As Much As I Ever Could ganharam uma força estranha com a banda. Não que tenham sido ruins ao vivo, mas, para quem está acostumado com grande parte das canções acústicas e intimistas de Dallas, talvez fosse preciso dar mais uma chance àquelas versões.
Em dados momentos do show, temos o City and Colour como veio ao mundo: voz e violão. Comin’ Home foi marcada pelos picos de silêncio da plateia para ouvir Dallas cantar e pela inesperada citação do refrão de This Could Be Anywhere in the World, em resposta aos gritos saudosistas ou provocadores de “Alexisonfire!”(há quem diga que ele é o culpado pelo fim da banda). Save Your Scissors e The Girl tiveram breves introduções – a primeira, Green compôs no porão da casa dos pais quando tinha 16 anos e a segunda “é uma canção de amor”, nas palavras do próprio. Ambas são boas provas do porquê os ingressos esgotaram tão rápido: as canções do City and Colour são sentimentais, são honestas. O cuidado de Dallas Green com seus versos e melodias é capaz de cativar desde a garota com uma franja que cobre os olhos ao rapaz com os braços repletos de tatuagens.
Se houvesse uma “moral da história” para os shows do City and Colour em São Paulo, ela seria “Nunca duvide do público”. Depois de 3 noites lotadas de fãs brasileiros – isso sem contar o show no Rio de Janeiro dia 14 – não é possível que Dallas Green e seus parceiros de banda demorem os mesmos “quase 10 anos” para voltar ao país.

SETLIST
Forgive Me
Of Space and Time
The Lonely Life
The Grand Optimist
As Much As I Ever Could
Like Knives
The Death of Me
Comin' Home
Northern Wind
Waiting...
We Found Each Other in the Dark
Sleeping Sickness
Silver and Gold
Thirst
Fragile Bird
Sorrowing Man
----
Save Your Scissors
The Girl
Two Coins
Death's Song

0 comentários:

Postar um comentário