Os Melhores Discos Nacionais de 2014


Sempre é um desafio escolher o melhor álbum nacional. Há uma cultura tão vasta de estilos e de caminhos que julgar o indie-sambinha melhor do que o rock em inglês, sem traçar uma linha tênue, é uma tarefa árdua.

Mas em 2014, nossos artistas abriram o peito, juntaram influências e saudades, e construíram um ano marcado pelo confessional, pela busca de si e sua identidade.

Gente como Marcelo Perdido, Holger e O Terno apareceu repaginada. Ludmilla veio como um furacão. Criolo resistiu ao hype e apareceu com mais uma pedrada.

Confira abaixo a lista dos melhores e fique livre para a discussão :)


30 - Tom Zé - Vira lata na Via Láctea
29 - Filarmônica de Pasárgada – Rádio Lixão
28 - Leo Cavalcanti – Despertador
27 - Ruído/mm – Rasura
26 - Jaloo – Insight
25 - Ludov – Miragem
24 - Planar – Invasão
23 - Lurdez da Luz - Gana Pelo Bang
22 - Gustavo Galo – ASA
21 - Huey – Ace

20 - Fernanda Takai - Na Medida do Impossível


Aos trancos e barrancos, Fernanda Takai conseguiu lançar "Na Medida do Impossível", o seu quarto disco solo. O álbum tem de tudo: participações de artistas de todos os estilos, canções autorais e releituras e tem também a Fernanda, que sempre despretensiosa ganha o mundo com sua voz suave e a sinceridade por trás de cada interpretação. Como não suspirar com a Fernandinha?
(Karina Pilotto)




19 - Diogo Nogueira e Hamilton de Holanda - Bossa Negra


Diogo Nogueira e Hamilton de Holanda cresceram cercados pelo universo da música brasileira. E em "Bossa Negra", eles mostram toda essa bagagem logo na faixa título, a primeira do disco. Com influências nítidas do afrosamba, a dupla interpreta sucessos de diversos compositores de renome nacional, sem medo de arriscar. A cada música, mais força de cada um dos dois. É como um "tapa na cara" de alguns músicos da nova geração que esquecem a história do samba para ganhar dinheiro. Samba é história, e neste disco, ele é respeitado e bem tratado. (Karina Pilotto)

 

18 - Ludmilla - Hoje


O pop funk, se é que o gênero pode ser batizado desta maneira, encontra em Ludmilla um ponto definitivo para seu lugar em 2014 através de um álbum feminista, mas sem soar falso ou forçado. Figura fácil dos programas dominicais, a ex-MC Beyoncé encontrou seu espaço no mainstream e, ao mesmo tempo, entrega um álbum redondo que anima qualquer festa, sem restrições. (Izadora Pimenta)




17 - Terno Rei - Vigilia


Depois de 2 EPs e um single, lançados entre 2010 e 2013, os meninos do Terno Rei deram o verdadeiro “primeiro passo” com o álbum Vigília. As canções leves têm um quê de Real Estate – outro favorito da casa – e logo ganharam destaque pela vibração gostosa que carregam. Vigília é daqueles discos bem apropriados para se escutar enquanto viaja, com o sol se pondo e o vento batendo nos cabelos. (Nicole Patrício)




16 - Alice Caymmi - Rainha dos Raios


Com Alice, ficar no muro é opção inexistente. A neta de Dorival, desta vez em disco de intérprete, exceto por “Antes de Tudo” e “Meu Recado” (essa composta com Michael Sullivan), canaliza toda a intensidade de sua voz, mas em momento algum se garante apenas na herança. Segura, ela domina o repertório que escolheu cantar. Em “Rainha dos Raios”, Alice vai a inocente balada “Sou Rebelde”, hit dos anos 70 com Lilian Knapp, ao clássico funk de Marcinho, “Princesa”. Ela assombra e mostra que ingênuo é aquele que pensa a música nacional por nichos. O Brasil e Alice estão muito além de um mero rótulo MPB na prateleira.
(Vinícius Cunha)


15 - Goma Laca - Afrobrasilidades em 78rpm


Da pesquisa no acervo da discoteca Oneyda Alvarenga nasceu o projeto “Goma-Laca / Afrobrasilidades em 78 rpm”, onde 11 músicas de feitiçaria são interpretadas com primor  por nomes relevantes do atual cenário nacional como, Juçara Marçal, Russo Passapusso e Karina Buhr. Sob a batuta do maestro Letieres Leite, os artistas se mostram seguros e levam o ouvinte ao êxtase em seuss jongos, capoeiras, cânticos de candomblé e maracatus. “Goma Laca” é apenas um dos resgates que precisam ser realizados desse tesouro nacional, que são as temáticas afro-brasileiras dos anos 1920 a 50. (Vinícius Cunha)

 

14 - André Paste - Shuffle


Após fazer sucesso com mashups como o incomparável Cid Moreira on The Floor e rodar Brasil afora com seu trabalho, o capixaba decidiu ser autoral e cumpriu bem a proposta: com uma ajuda dos amigos, a mistureba musical que se tornou marca registrada das suas criações tomou formato de álbum - antes tarde do que nunca.
(Izadora Pimenta)





13 - Moreno Veloso - Coisa Boa


O filho de Caetano realmente  volta à infância para entregar “Coisa Boa”, disco solo, mas que conta com a ajuda parceiros de caminhada – Domenico e Kassin, parceiros da extinta +2, e Rodrigo Amarante e Pedro Sá, amigos da Orquestra Imperial.  Moreno está em casa e faz tudo em seu devido tempo, seja na calmaria de “Jacaré Coruja” ou no suingue contagiante de “Um Passo à Frente”, ambas composições de Moreno Veloso e Quito Ribeiro. Contemplativo, o artista faz seu samba zen e faz jus ao título, neste trabalho  que revisa sua primorosa carreira. (Vinícius Cunha)

 

12 - Marcelo Perdido - Lenhador


Longe do som fofinho da Hidrocor, Marcelo Perdido encontra lugar para se reinventar em seu trabalho solo, experimentar mais, mas sem perder a característica de cronista do cotidiano. São Paulo e Rio de Janeiro se encontrar dentre as ideias confusas e, ao mesmo tempo, organizadas. Um disco para ouvir com a alma.
(Izadora Pimenta)





11 - Holger - Holger


Cada trabalho dos paulistanos é uma nova tentativa de se encontrar musicalmente. No trabalho homônimo, a banda fica mais introspectiva, uma mistura do tropical com o primeiro EP da carreira, mas parece conversar melhor com sua sonoridade. Uma banda praticamente nova que merece uma terceira chance.
(Izadora Pimenta)




10 - Carne Doce - Carne Doce


É dito de tempos em tempos que a capital paulista é o berço do Rock brasileiro. Essa máxima se mostra cada vez menos certeira desde a última década, com o crescimento do bom trabalho de bandas goianas como Carne Doce. A banda que começa bem em 2013 com o EP "Dos Namorados" em 2014 apresenta o álbum que leva o nome da banda, vino recheado com a efervescência vocal de Salma Jô e arranjos encantadores que variam do doce ao denso num Post Rock que sabe muito bem o seu lugar. Vale ressaltar ainda a inventividade de letras fortes e ousadas, como pode ser visto em canções como "Passivo" e "Idéia".  (Fernando Galassi)

09 - Mombojó - Alexandre


A criatividade que os fizeram notáveis no pequeno clássico moderno, “Nadadenovo” (2004), é reeditada em “Alexandre” pro bem de todos, apenas mais eletrônico do que há uma década. O registro, sobretudo, é a prova de resistência e invenção que superou a morte do flautista Rafael Barbosa, em 2010, e a saída do baixista Samuel Vieira, em 2013. “Alexandre” apaga as dúvidas sobre o rumo do Mombojó , é seguro nas tentativas dominando os meandros pop (“Pro Sol” e “Diz o Leão”) e até mesmo os interlúdios kraftwerkianos (“Ping Pog Beat” e “Alexandre”). (Vinícius Cunha)


08 - Far From Alaska - modeHuman

Apesar de já sabermos do potencial do pessoal da Far From Alaska, seu disco de estreia, "modeHuman", superou todas as expectativas. Desde a primeira faixa, 'Thievery', você já tem certeza que se o álbum continuar com a mesma energia até o fim, teremos um grande trabalho. E é exatamente isso o que acontece. Parece que a voz de Emmily Barreto  foi feita para combinar com a fórmula Stoner Rock de riffs marcantes adotada pela banda. O disco é tão coeso que fica difícil dar destaque para alguma faixa, mas não é a toa que 'Dino vs Dino' já foi elogiada até por Shirley Manson, do Garbage. (Soraia Alves)

07 - Racionais MC's - Cores e Valores


Doze anos se passaram desde o último disco do Racionais MC's. Muita coisa mudou em mais de uma década, menos o talento e, infelizmente, os problemas sociais que são temas do grupo. Apesar das letras que funcionam como reflexão ou tapa na cara mesmo, dessa vez o cunho político também dá espaço para retratos mais cotidianos, como em 'Eu Te Proponho'. Além da própria renovação da banda em seu som, a importância de "Cores e Valores" também é grande por mostrar que embora a cena do rap nacional tenha se expandido muito nos últimos anos, os Racionais continuam em um lugar de destaque. Afinal, como eles repetem no álbum:  "Somos o que somos". (Soraia Alves)


06 - Juçara Marçal - Encarnado

Juçara Marçal poderia ter soado como mais uma cantora brasileira fazendo mais um disco que tem a mesma cara do início ao fim. Mas ao usar arranjos bem diferentes entre si para cada faixa, ela conseguiu fazer de "Encarnado" uma obra eclética enquanto flui com coerência. 'Queimando a Língua' e 'Pena Mais Que Perfeita' poderiam estar em discos bem diferentes, assim como 'Odoya', mas a mistura é toda boa no final e mostra que ainda é possível inovar dentro da música nacional utilizando das bases e influências que muita gente adora chamar de "chato". (Soraia Alves)


05 - Criolo - Convoque Seu Buda

Criolo tem anos e anos de trabalho como músico, mas a fama mainstream veio em 2012, com "Nó Na Orelha", disco que o fez ganhar prêmios da MTV e se tornar indispensável na trilha sonora de qualquer festa alternativa. Em "Convoque Seu Buda", Criolo mantém seu rap misturado a uma gama de influências bem parecidas com o disco anterior. As letras continuam fortes, reflexivas e muito diretas. A faixa título é destaque, assim como a parceria com Tulipa Ruiz em 'Cartão de Visita', o Reggae de 'Pé de Breque' e a deliciosa 'Pague Pra Ela'. Criolo mostra que conseguiu manter o hype. (Soraia Alves)


04 - Nação Zumbi - Nação Zumbi

A Nação Zumbi apresenta menos do seu regionalismo típico no álbum homônimo de 2014. O que em nenhum momento é problema para o disco. As letras muito bem elaborados deixam o trabalho classudo e no limite exato entre velhas e novas inspirações. A parceria com Marisa Monte em 'A Melhor da Praia' foi mais que bem sucedida. Aliás, o páreo é duro entre ela, 'Cicatriz, 'Foi de Amor' e 'Bala Perdida'. Mas ao ouvirmos 'Um Sonho' não há dúvidas: é a melhor música do disco, a mais bonita do ano e uma das melhores que a Nação Zumbi já fez nesses 20 anos de história. (Soraia Alves)

03 - SILVA - Vista Pro Mar 

A sustentação do hype. Silva conseguiu se reinventar dentro de seu próprio universo, tão característico e tão elogiado desde 2012, com o lançamento de seu primeiro disco, "Claridão". Lúcio aparece de visual e postura repaginadas, mais moderno, com mais camadas ainda de sintetizadores e sua delicadeza única como letrista. 'Janeiro' soa como hit instantâneo até mesmo para quem não acompanhava o cantor. 'Entardecer' é uma peça ainda mais suave, assim como a parceria com Fernanda Takai, 'Okinawa', com uma batida discreta e impregnante. 'Disco Novo'  e 'Volta' resgatam muito do que ouvimos em "Claridão", para a alegria dos "velhos" fãs. 'Volta', por sinal, é uma das melhores composições de Silva em sua breve e notável carreira. (Soraia Alves)

02 - O Terno - O Terno


No trabalho homônimo, Tim Bernardes e seu trio abrem o peito e evoluem através de influências e nuances. São Paulo é plano de fundo e as histórias são muitas: as ruas, as pessoas, os sentimentos, os sonhos. Após uma estreia que ainda não dizia muito ao que O Terno viria, os garotos fizeram valer toda a qualidade musical que mostravam ao vivo e trouxeram um álbum que pode ser considerado o primeiro de vários dias bastante prolíficos.
(Izadora Pimenta)




01 - Banda do Mar - Banda do Mar



Banda do Mar traz um casamento em formato de álbum. Marcelo Camelo e suas guitarrinhas inconfundíveis, Mallu cada vez mais mulher e suas letras inseguras. Há quem duvide da lógica desse formato, mas ele funciona - e se encaixa perfeitamente. Não que a estreia da dupla seja um elemento impassível de erros, mas há muitos acertos (o primeiro deles, talvez, seja essa de se juntar em um só). Com ares de Portugal, o casal mais famoso da música alternativa brasileira, na companhia de Fred Pinto Ferreira, se divertem fazendo um disco sem a intenção de impressionar ou causar impacto. Eles seguem apenas as toadas que já soltaram por aí com precisão. A simplicidade e a despreocupação da Banda do Mar, alheia à crítica e aos críticos, faz deste um dos trabalhos mais verdadeiros da música nacional nos últimos anos (Izadora Pimenta).

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