Os Melhores Discos Internacionais de 2014

Cena de Nick And Norah's Infinite Playlist


2014 foi um ano atípico no meio musical. Parece que nunca foi tão difícil saber qual álbum seria unanimidade dentre uma votação de melhores do ano - talvez porque nenhum trabalho foi extremamente alardeado para  assumir esse posto desde o início.

Juntando nossos preferidos, descobrimos que o ponto que nos interceptaria estava claro desde o início. Com todo o catálogo musical adquirido em downloads espertos, Spotify ou, então, no velho e bom disco físico, o BACKBEAT traz sua lista de melhores do ano e abre a discussão a você, leitor.

Entre espaços em branco, amores fulminantes, duos poderosos e grandes medalhões, trazemos nesta lista uma grande variedade de estilos e artistas.

Aproveite!


50 – Nick Mulvey – First of Mind
49 – Temples – Sun Structures
48 – J Mascis – Tied To A Star
47 – FKA Twigs
46 - Damien Rice – My Favourite Faded Fantasy
45 - Ben Howard – I Forget Where We Were
44 - Mr Twin Sister - Mr Twin Sister
43 - Willow Smith – III EP
42 - Chromeo - White Woman
41 - Alcest – Shelter
40 - Lake Street Drive - Bad Self Portraits
39 - Wild Beasts – Present Tense
38 - Alvvays – Alvvays
37 - Kasabian – 48:13
36 - Sia – 1000 Forms of Fear
35 – Ariel Pink – Pom Pom
34 - St. Vincent – St Vincent
33 - Thurston Moore – The Best Day
32 - Charlie Simpson - Long Road Home
31 - Taylor Mcferrin – Early Rider

30 - Ryan Adams - Ryan Adams

O auto intitulado Ryan Adams é um álbum que encanta por sua simplicidade e excelente produção. Não é uma reinvenção, mas sim a continuidade do trabalho de um artista que explora de forma magistral a melancolia. O novo álbum não deixa com que a obscuridade dos temas das canções escondam aquela sensação de que tudo vai ficar bem. Este equilíbrio criou uma atmosfera sincera e fácil de se relacionar, na qual foram atribuídos acordes que remetem a clássicos, como Fleetwood Mac, Bruce Springsteen e Tom Petty. (Nathanna Raíssa)


29 - Lykke Li - I Never Learn

Muitos forninhos caíram em 2014, balançando a vida das mocinhas mais sensíveis. O ano prestigiou várias cantoras que expuseram suas dores e reflexões transformando-as em bons discos, e Lykke Li soube fazer isso com delicadeza em letras e arranjos. As canções de "I Never Learn" têm em sua base as batidas da bateria eletrônica combinadas à uma percussão elaborada e sintetizadores que casam ao tom da voz prolongada e sofrida de Li, combinações extremamente bem apresentadas na belíssima 'Gunshot' cuja batida remete ao Pop oitentista de uma 'Material Girl' mais melancólica. (Soraia Alves

28 - Future Islands - Singles

Sintetizadores são o ponto alto do Future Island em "Singles", disco lançado este ano pelo grupo norte-americano, que está na estrada desde 2006. As 10 faixas juntas somam em cerca de 40 minutos de uma audição que transportam o ouvinte para uma aventura com pitada de brisa marítima, como manda o "figurino", ou melhor, a capa. Destaque para o vocal de Gerritt Welmers, ora suave, ora cheio de presença, conforme manda a "maré". (Karina Pilotto)

27 - Caribou - Our Love

Eletrônico sem ser tão “puts puts” e pop sem ser tão chiclete: eis a fórmula mágica para "Our Love", 4º disco do Caribou, entrar em nossa (acirrada!) lista. O pseudônimo de Dan Snaith dosa os timbres, samples e beats de um jeito palatável; o resultado são músicas que fazem a gente balançar o corpo, de leve, para lá e para cá. (Nicole Patrício)

26 - St. Paul And The Broken Bones - Half The City

Nada mais impressiona que um vocal poderoso, intenso e que concede cadência a uma música. Imagine a precisão da banda The Roots, a musicalidade de Cee-Lo Green e as propostas de Alabama Shakes e você tem uma boa impressão do som que St. Paul & The Broken Bones faz. O álbum "Half The City" ainda deve ter seu lugar de destaque nos ouvidos de quem é apaixonado por aquele terreno explorado entre o Folk e o Soul - as performances de faixas como "Call Me", "Half The City" e "Grass Is Greener" são de deixar de queixo caído com a intensidade, principalmente no que tange o frontman Paul Janeway, que não sai de um show sem suar a camisa e entregar-se completamente a seu público. (Fernando Galassi)

25 - Bruce Springsteen - High Hopes

"High Hopes" é Bruce Springsteen nos anos 2000. O disco é a reunião das sobras de estúdio que o Boss acumulou na última década, mas mais que isso, é a prova de um trabalho que continua impactando ouvintes de todas as idades. Imagine um jovem que conheceu Bruce há pouco tempo. Imagine o pai deste adolescente que já ouviu tantos hinos do músico. Ambos apreciam "High Hopes". Ambos se deliciam com a fórmula de longas músicas com guitarras e bateria em tons épicos que evocam o patriotismo, a esperança e os sonhos, marcas de nosso velho e eterno herói. Bruce Springsteen nunca esteve tão tradicional e contemporâneo ao mesmo tempo. Mérito de poucos. (Soraia Alves)

24 - Cashmere Cat - Wedding Bells

Magnus August Høiberg ou apenas Cashmere Cat é um desses novos geniozinhos da música eletrônica, que consegue somar toda sua inventividade e técnica com inúmeras camadas sintéticas sem perder em nenhum momento o apelo Pop. Altamente percussivo, e recheado de recortes e distorções sonoras, "Wedding Bells" apesar de ser um rápido EP vem como uma dose de novidade para encher os ouvidos. Do pastiche de sintetizadores às teclas de piano, Magnus impressiona pela ousadia e harmonia contabilizados tão bem em um fugaz registro sonoro. (Fernando Galassi)


23 - Tweedy - Sukierae

A estreia do duo formado por Jeff Tweedy e seu filho Spencer não poderia ser diferente de uma volta pra casa e uma conexão ainda mais forte entre a família: o nome do álbum e as músicas são homenagem para a matriarca da família Tweedy, Sue, diagnosticada com câncer. Em peças confessionais como "Low Key", o líder do Wilco voa solo imprimindo ainda mais de seus devaneios sobre sua música.
(Izadora Pimenta)

22 - Swans - To Be Kind

"To Be Kind" não é um disco fácil de ser ouvido, muito menos de ser explicado. Mas é justamente a sua excentricidade que o transforma em uma obra tão única. A verdade é que este álbum incomoda bastante. Incomoda pelo tom pesado, pelo tamanho absurdo (!) das faixas, pelas composições nada convencionais, que mudam tanto a ponto de você pensar que já se trata de outra faixa, mas ainda está só na metade da mesma. Incomoda porque parece o som de uma galera bem jovem e experimental, mas é de uma banda cujo frontman tem 60 anos e mais energia para inovar do que muito moleque de 20 anos. Impressiona porque é agressivo, perturbador e ótimo. (Soraia Alves)

21 - Death From Above 1979 - The Physical World

Na linha tênue entre o barulho e a harmonia, o Death From Above 1979 volta com noise e cadência. A urgência do som se mostra mais controlada do que na estreia do duo, o que abre espaço para bons momentos como a quase-balada White Is Red. Mesmo tardio, o trabalho é um divisor de águas bastante acertado que faz jus ao nome que os mais assíduos já reverenciam e absorvem como influência. (Izadora Pimenta)

20 - Interpol - El Pintor

Não há um momento em que você se disperse na audição de "El Pintor". O quinto disco do Interpol é um dos mais bem construídos do grupo, ao lado do debut "Turn On The Bright Lights". A dramaticidade de Paul Banks sempre envolvida por arranjos intensos e uma guitarra tão típica deixam a fluência do álbum irresistível, como na sequência 'Anywhere', 'Same Town', 'New Story' e 'My Blue Supreme'. A banda não apresenta nada muito novo, mas suas características já conhecidas trazem a sensação de que o Interpol vai sempre fazer músicas meio parecidas, mas que sempre conseguem tocar como únicas, como 'Everything Is Wrong', 'Ancient Ways' e 'Twice As Hard'. (Soraia Alves)

19 - Sylvan Esso - Sylvan Esso

Amealia Meath com doces vocais e Nick Sanborn na produção com uma afinada linhagem eletrônica entre o Indie Pop e o experimental e temos o duo Sylvan Esso. O par de jovens da Carolina do Norte misturou estranheza, sofisticação e experiências sonoras em seu primeiro álbum em 2014 e fez isso muito bem. "Hey Mami" e "Coffee", os singles principais que abrem caminho para a curiosidade que deve surgir ao redor do disco, associam os samples metódicos e modernos de Sanborn aos timbres vocais de Amealia. O resultado é agridoce, provocante e contrastante - parece difícil acreditar na soma de uma voz infantilizada a um pastiche eletrônico, mas tudo funciona muito bem por aqui. (Fernando Galassi)

18 - Tony Bennett & Lady Gaga - Cheek To Cheek

Lady Gaga, 28 anos, norte-americana, ícone pop desde 2008. Tony Bennett, 88 anos, norte-americano, ícone do jazz com mais de 60 anos de carreira. A união dos dois foi uma surpresa para todos os públicos, e resultou em um disco que "quebrou a internet (break the internet)" no meio musical. Digno de, no mínimo, um "wow". (Karina Pilotto)


17 - Jessie Ware - Tough Love

Em 2012, Jessie Ware fez uma ótima estreia com o disco "Devotion" e mostra que veio pra ficar com o lançamento de "Tough Love" - um álbum ainda mais maduro e romântico do que o primeiro. A cantora desde sua aparição se mostra com potencial de permanecer no mercado da Soul Music por sua suave e sedutora voz somada a boas batidas. Ela se mantém atualizada com a envolvente atitude e um arranjo impecável, com riffs de baixo bem executados e samples que dão um charme ainda maior ao seu trabalho. Entre os bons singles, destaca-se "You & I (Forever)", "Say You Love Me", "Kind of...Sometimes...Maybe" e a própria faixa-título. (Fernando Galassi)


16 - Tv On The Radio - Seeds

Após a perda do baixista Gerard Smith, o TV On The Radio respirou e se levantou em um álbum recheado de hits potenciais e um pouco mais radiofônico do que seus trabalhos anteriores. As pistas de dança, os romances realizados e frustrados e a introspecção formam cenário para um álbum que é impossível de ouvir uma vez só. (Izadora Pimenta

 

15 - Damon Albarn - Everyday Robots

Homem de muitos projetos, Damon Albarn dessa vez extrai tudo de si para trazer ao mundo Everyday Robots, sua estreia solo. Melancólico e introspectivo, não é um álbum fácil de ser digerido, mas é em suas particularidades que podemos observar a genialidade do músico. (Izadora Pimenta)


14 - Pharrell Williams - GIRL

Após um ano de glórias em 2013, Pharrell Williams coroou seu sucesso com mais um álbum solo. Apesar de não trazer outros carros chefes marcantes como Happy, o álbum mostra a versatilidade do músico e produtor em combinar a música negra com demais elementos que fazem com que ela converse com todos os públicos. Pharrell é pop no melhor sentido da palavra. (Izadora Pimenta)


13 - Sam Smith - In The Lonely Hour

Ah, o Pop inglês, sempre um prato cheio de classe e que deveria ter até mais espaço do que já tem. Não é nada ousado dizer que, a devidas proporções, Sam Smith e o estreante "The Lonely Hour" pode ser equiparado á Adele e seu "21". Recheado de um romance amargurado, melancólico, melódico e grudento, é que o jovem mostra todo seu talento à púbico acompanhado de hits mais românticos como "Stay With Me", "Lay Me Down" e "Leave Your Lover" e passando até por momentos mais dançantes como "Money On My Mind" e "La La La", se destacando com uma obra coesa e encantadora e sendo a grande aposta britânica a se manter viva no mercado. (Fernando Galassi)

12 - Taylor Swift - 1989

Diga adeus às botas de cowboy e olá para batidas pop que não saem da sua cabeça por dias. Taylor Swift está em uma nova era, na qual o Texas é passado. Assim como prometeu em “Mean”, agora ela vive em uma grande cidade. É a vez das luzes e encantos de Nova York, de cantar ironicamente sobre os estereótipos impostos a ela pela mídia, de flertar com o pop dos anos 80. Em "1989", Swift se reinventou e se tornou um fenômeno, vendendo mais de 1.2 milhões de cópias na primeira semana. Bateu seus próprios recordes, nos deu hits como 'Shake it Off', 'Blank Space' e 'Style', ela provou sua própria teoria: "As pessoas ainda compram discos, mas somente aqueles que as atingem no coração como uma flecha". Missão cumprida. (Nathanna Raíssa)

11 - Chet Faker - Built On Glass

Uma porção de EPs lançado nos últimos dois anos foram o aquecimento que Chet Faker precisava antes de revelar o tocante primeiro álbum "Built On Glass". O timbre vocal de Chet bebe de um R&B moderno e mescla-se ao minimalista e crescente arranjo, que agrega a leve música eletrônica e uma bem sacada sequência de samples de instrumentos diversos e vozes alteradas em seu pitch. Alvo do hype no ano, o rapaz parece gozar das mesmas inspirações qe James Blake e promete virar figurinha marcada cada vez mais nos players dos jovens antenados nos próximos anos. (Fernando Galassi)

10 - Spoon - They Want My Soul

'Rent I Pay' abre o oitavo disco do Spoon de forma deliciosa. Enquanto os arranjos basicamente te transportam para os anos 90, a cadência desacelerada traz uma modernidade que te mantém em meio às "bandas hispters" dos anos 00. "They Want My Soul" é feito de detalhes, como a harpa em 'Inside Out' ou a introdução mais prolongada de 'Rainy Taxi', que parece trilha sonora de algum filme dos anos 80. Em 'Knock Knock Knock' temos essa mistura de "ontem e hoje" tão bem construída (sem falar na guitarra pontualmente hipnótica), que é impossível não se perguntar "por quê o mundo não idolatra essa banda?" Pelo menos em 2014 eles merecem todos as honras e elogios possíveis. (Soraia Alves)

09 - Jack White - Lazaretto

Jack White não entra no "ringue" para perder. Seu primeiro disco solo esteve na lista dos queridinhos, por que o segundo não estaria? Aliás, "Lazaretto" traz um Jack mais seguro. Talvez pela fusão de suas duas bandas, o disco tenha ganhado mais identidade. A surpresa da vez é "High Ball Stepper", instrumental bem com a cara do eterno guitarrista do White Stripes. (Karina Pilotto)

08 - The Afghan Whigs - Do To The Beast

Ah, o Rock por quem sabe fazê-lo de forma elegante, madura e impecável! Pode parecer exagero, mas não há atributos mais verdadeiros para se dar a "Do To The Beast". Rock de garagem no qual não há uma faixa que peque pelo exagero, enquanto também não podemos chamar a obra de minimalista. Greg Dulli é dos cantores mais "abençoados" com um vocal impressionante, mas em 'Parked Outside', 'The Lottery' e na ótima 'Royal Cream', ele parece se superar encaixando a voz de forma tão largada e tão dosada ao mesmo tempo. Há espaço ainda para o sombrio de 'Lost In The Woods'. E haverá sempre um lugar para este disco entre ouvidos atentos.  (Soraia Alves)

07 - Real Estate - Atlas

As chances de ouvir um “menos é mais” quando se fala de Real Estate são grandes, o que é a mais pura verdade. O 3º disco da banda, "Atlas", pode até soar repetitivo para alguns, mas, conseguiu concretizar, em 10 faixas, o quanto o simples pode ser bonito – vale, também, a lembrança boa dos shows que o quinteto fez no Brasil em novembro.
(Nicole Patrício)

06 - The War On Drugs - Lost In The Dream

"Lost In The Dream" é o álbum em que o The War On Drugs vai além de tudo que fizeram antes. Diferente de seu antecessor,  o álbum não navega somente por águas calmas, ele traz também melodias mais agressivas e uma identidade lírica muito íntima. O disco revela a essência da banda e nos convida a mergulhar na mente do genial Adam Granduciel, letrista, compositor e gênio por trás do The War On Drugs, enquanto transita por sons que flertam com dream pop, folk e country. 
(Nathanna Raíssa)

05 - Royal Blood - Royal Blood 

O Royal Blood ainda vai ter que mostrar muito serviço para não ser só mais um hype que some com o tempo, é verdade! Mas também é verdade que se o duo nunca mais lançar um disco bom, seu debut continuará a merecer audições de novos e velhos ouvintes. Se há quem julgue o Rock morto (ou quase isso), eles mostram que ainda há muito furor, agressividade e vontade de fazer barulho bebendo da mais pura fonte: a bem executada junção de guitarra suja e bateria simples, porém poderosa. Faixas como 'Come On Over', 'Figure It Out', 'Blood Hands', 'Little Monster' e 'Loose Change' são mais que suficientes para resgatar a esperança do Rock n Roll. A gente agradece!  (Soraia Alves)

04 - James Vincent McMorrow - Post Tropical

De uns anos pra cá, com a reascenção do Folk nos novos anos 10, a repetição de padrões foi inevitável assim como o surgimento de vários grupos com propostas musicais um tanto rasas e que ao máximo servem para vinhetas televisivas. Fazendo o caminho inverso, James Vincent McMorrow se destaca em seu segundo álbum "Post Tropical" por explorar temáticas e sonoridades agradáveis e de muito bom gosto. Pitadas de James Blake e fortes lembranças de trabalhos de Bon Iver permeam o melódico músico em singles com estrelinha de ouro como "Cavalier" e "Red Dust". (Fernando Galassi)

03 - Alt-J - This Is All Yours

Quando surgiu em 2012, com "An Awesome Wave", o Alt-J se sobressaiu por sua sonoridade peculiar, que causa certo estranhamento. Isso se acentua em "This Is All Yours", que traz ainda mais experimentalismo, sendo conduzido através da narrativa de Nara. É curioso que no mesmo álbum em que a banda mostrou o que tem de mais obscuro e experimental, a exemplo de 'Hunger of The Pine' e 'Garden of England', trouxe também 'Left Hand Free', a canção mais pop que já fizeram. Com "This Is All Yours", o Alt-J passou com honras pelo estigma do segundo disco e foi além do esperado no que se diz respeito a produzir algo único. (Nathanna Raíssa)

 02 - Beck - Morning Phase

A boa sequência que Beck consegue apresentar em seus trabalhos é louvável. "Morning Phase", exatamente uma continuação de "Sea Change" (2002), chega como aquele dia que você tira pra pensar na vida. Aos 44 anos, o músico faz uma parada para olhar os anos anteriores, suas próprias influências. Sendo assim, seu décimo segundo disco junta experiência e genialidade embaladas pela sensatez de prezar por arranjos minimamente trabalhados de forma quase acústica. 'Heart Is a Drum' é um belo exemplo de como Beck faz suas reflexões de forma profunda e poética enquanto trabalha com suas sempre multi-influências, no caso, com uma base psicodélica, diferente de outra belíssima peça, 'Blue Moon', que atende muito mais às bases do Country. Com delicadeza, Beck conseguiu transpor maturidade em um momento exato de sua vida, e que nós poderemos apreciar a qualquer momento. (Soraia Alves)

01 - Sharon Van Etten - Are We There



Em um ano no qual os trabalhos confessionais parecem ter sido tão apreciados pelo público e pela crítica, é justo que o destaque fique com o mais forte, dolorido e peito aberto de todos: "Are We There", de Sharon Van Etten. O álbum apresenta toda a fragilidade de uma mulher que não tem mais 15 anos para sofrer por amores platônicos ou que está começando a vida adulta cheia de dúvidas e incertezas. As dores de Sharon são causadas pelo sofrimento real de quando as coisas não dão certo. Seja pelo erro de colocar a sua felicidade nas mãos de alguém e se sentir tão fragilizada por isso ou pelo sentimento que não existe mais. É uma ode aos relacionamentos, às situações inexplicáveis a qual podemos nos submeter pelo dito amor. 'Your Love Is Killing Me' é a peça máxima desta obra, na qual a voz tão intensa de Sharon se destaca sobre a bateria militar enquanto ela diz "You like it when I let you walk over me/ You tell me that you like it/ Your love is killing me". Não é exagero dizer que os mais sensíveis conseguem sentir a dor dessa mulher que assume ser pisoteada por quem ela ama, e que mesmo sob tamanha humilhação suplica "Break my legs so I won't walk to you". Com letras tão expostas sobre si mesma e os cacos que o final de uma relação podem deixar, Sharon se assemelha a Joni Mitchell em "Blue" (1971). Os instrumentos soam sempre como acompanhantes das situações cantadas por Sharon, como o saxofone de 'Tarifa', o piano de 'I Love You But I'm Lost' ou o teclado de 'Break Me'. Ao cantar de forma arrastada em 'Every Time The Sun Comes Up', ela fecha o disco mostrando o cansaço de uma noite de lamentos e indagando "People say I'm a one-hit wonder". Sobre isso você pode relaxar, Sharon, você não é uma cantora de um hit só. É a cantora de um dos discos mais belos e tristes dos últimos anos. (Soraia Alves)

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