Entre capas e discos



Entra na loja. Vira e revira as prateleiras. Pega alí, põe aqui. Experimenta alí, experimenta aqui. Enquanto uns preferem gastar tempo entrando e saindo de lojas de roupas, sapatos, acessórios, etc., eu (e sei que muitos de vocês que estão lendo este post também) gostam mesmo é de gastar tempo em loja de disco. E quem compra disco sabe que, na hora de "bater o martelo", o conteúdo musical é sim o fator decisivo na compra, mas existe uma característica que pode dar um "empurrãozinho" nesta hora: a capa do disco.

Quem compra disco não quer só ouvir, quer analisar a capa, ler o encarte, prestar atenção em todos os detalhes gráficos, ler até a parte dos agradecimentos (que sempre guarda uns detalhezinhos legais de como foi a produção do álbum). Muitos CDs e LPs espalhados por aí as vezes nem são tão valorizados assim, mas tem capas valíosíssimas! Cada capa tem seu designer, e cada designer, sua história, então lá vai um "teco" dessas histórias para vocês:

Blur - "Think Tank"




Lançado em 2003, o sétimo disco de estúdio do Blur tem 13 faixas (uma escondida) e capa assinada por ninguém mais, ninguém menos que o grafiteiro inglês Banksy, cujas obras valem MILHÕES hoje. Sem que ninguém saiba sua identidade, ele conquistou o público e a mídia com estencils que expõem sua total aversão ao poder e a sociedade atual. A capa para o Blur surgiu quando ele ainda tinha poucos fãs, antes que fosse "querido" pelos especialistas de Londres, Paris e Nova York.


Velvet Underground - "The Velvet Underground And Nico"




Outro "querido" das galerias é o Andy Warhol, que como muitos sabem, assina a capa de "The Velvet Underground And Nico", lançado em 1967. O artista plástico deu um "empurrãozinho" para a carreira de Lou Reed e a rapaziada. O "álbum da banana" foi considerado um fracasso ao ser lançado, e só conquistou destaque na mídia décadas depois. E a banana? A banana era uma metáfora para que seu dono "descascasse" o álbum lentamente, e ao ouvir tamanha experimentação sonora pra época, aí sim poderia apreciá-lo.


Pink Floyd - "The Dark Side Of The Moon"




Tá, esse você também já conhece. Mas e o nome do designer? É Storm Thorgerson, inglês que morreu no ano passado, aos 70 anos, por conta de um câncer. A psicodelia de Thorgerson já foi parar em capas de diversos grupos de renome no cenário musical. Entre eles o disco homônimo de Peter Gabriel, lançado em 1978, como seu segundo trabalho solo; "Frances The Mute", do The Mars Volta, lançado em 2004; o disco de estreia do Audioslave, de 2002; e "Absolution", de 2003, do Muse.

Titãs - "Cabeça Dinossauro"




"Cabeça dinossauro, cabeça dinossauro, cabeça, cabeça, cabeça dinossauro". Este começo do clássico disco dos Titãs, de 1986 e relançado em 2012, tem capa inspirada no esboço "A Expressão de Um Homem Urrando", de Leonardo Da Vinci. E a contracapa traz "Cabeça Grotesca", também do artista italiano. Assim como a imagem da capa, o terceiro disco da banda nacional foi um desabafo para a época e hoje é considerado um dos 100 melhores da música brasileira da Rolling Stone Brasil, de 2007.



Jay-Z & Kanye West - "Watch The Throne"




Jay e Kanye sem luxo, ostentação, e "bling blings" não são eles. E a capa do primeiro disco dos dois não faria sentido se fosse simplezinha. Foi pensando em todo o glamour que esses rappers têm que a capa, assim todo como seu projeto gráfico, foi assinado por Ricardo Tisci, o designer de moda e diretor criativo da chiquérrima Givenchy. O artista é tão badalado quanto seus contratantes, e em seu último aniversário, no último mês de agosto, recebeu os parabéns pessoalmente de Kanye, as Kardashians, e até Justin Bieber. Eike brilho.


Jota Quest - "Funky Funky Boom Boom"



Ok, sei que muita gente aqui torce o nariz pro Jota Quest (eu sou uma delas). Mas não podemos negar que a capa do último disco dos mineiros arrasa. O trabalho, lançado no ano passado, tem capa por Mel Ramos, que mandou bem na pin up a lá Dita Von Teese. O norte-americano é especialista em desenho de mulheres nuas, "sexy sem ser vulgar", com elementos realistas e também abstratos. Nada como a pop art pra ilustrar a pop music.



Tiê - "Esmeralda"




A Tiê voltou! Seu terceiro disco, "Esmeralda", que está chegando este mês, além de conta com parcerias de peso, como Guilherme Arantes, David Byrne, Adriano Cintra, etc, tem capa de Rita Wainer. Com ar de Lana Del Rey, a artista plástica de São Paulo, que também tem bastante experiência com moda, conseguiu imprimir bem sua identidade e a da cantora no trabalho.


David Bowie - "Aladdin Sane"



O tempo passa, o tempo voa...E mesmo depois de quase cinco décadas David Bowie continua sendo O CARA da música mundial. E uma de suas capas mais marcantes com certeza é a do disco "Aladdin Sane", que completou 40 anos em 2013. A criação desta capa é de Bowie com o fotógrafo Brian Duffy, que morreu em 2010. O raio, segundo entrevista do filho de Duffy para a Rolling Stone, foi inspirado em ícone da banda de Elvis Presley, TCB Band.



Iron Maiden - Eddie The Head



Disco do Iron Maiden sem o seu mascote, Eddie The Head, na capa, não é disco do Iron Maiden! A figura foi criada pelo cenógrafo Dave Beasley. A princípio, ele era montado nos palcos em que a banda tocava, como um grande e metálico item cenográfica. A ideia crescendo, e logo Derek Riggs a adaptou ao single "Running Free", com o corpo semelhante a de um zumbi, na década de 80. E ta aí até hoje espalhado entre os fãs de Iron Maiden.


Maguerbes - "Vila Rica"



O Maguerbes é uma banda aqui da minha terra, Americana, que faz um barulho na cena independente desde a década de 90. No ano passado eles lançaram o EP "Vila Rica", assinado pelo artista urbano Super Xoxo. Vale lembrar que o pessoal do Maguerbes integra/já integrou/está integrando o coletivo de arte urbana SHN, também aqui de Americana, que começou fazendo cartazes para bandas e hoje é um dos maiores grupos do segmento, com renome internacional.


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