Álbum da Semana: Babel, Mumford and Sons

Para o colunista Murillo Jorge, Mumford & Sons faz uma releitura do folk em "Babel"






É muito bom quando vemos que uma banda manteve ou melhorou sem trabalho. É o caso do Mumford & Sons. O primeiro álbum, Sigh no More, fez estrondoso sucesso, principalmente depois que Little Lion Man caiu na graça dos fãs e da crítica. Aliás, todas as faixas daquele álbum são excelentes - é o caso de I gave you All, White Blank Page, Awake my Soul e por aí vai. Isso fez ressurgir nas paradas musicais um estilo que era pouco consumido até então.

Outra banda do gênero que ganhou destaque no primeiro trabalho foi Fanfarlo. O grupo emplacou um álbum debutante surpreendente. The Pilot é muito bonito, encantador, simples e honesto. Mas aí surge a sina do segundo álbum: seria tão bom quanto o primeiro? Houve um hiato de alguns anos, o trabalho foi lançado neste ano e... Foi terrível. Muito abaixo das expectativas e fraco em relação ao seu antecessor. Não só a mídia não gostou, como os fãs, como eu, também não.

O exemplo de Fanfarlo só foi tomado porque o grupo não rendeu o que se esperava. Não é o caso de Laura Marling, também do gênero, que segue fazendo bonito em seus trabalhos e mantendo a qualidade.


Quero dizer que é neste ponto que diferenciamos uma banda/artista que se preparou corretamente e que não se perdeu nas criações. É o famoso “gastar todas as energias e um trabalho só” e depois disso não produzir mais nada tão bom quanto.

Todos nós sabemos que fazer um álbum é trabalhoso, e não é de uma hora para outra que surgem dez faixas que tenham relação, sejam musicalmente boas, com melodias marcantes e letras bonitas.

Mas Mumford fez diferente. Babel é ainda melhor do que Sigh no More. Não ouve alteração de estilo, apesar de o banjo estar ainda mais marcante nas quinze faixas, mas a qualidade não só se manteve como foi melhorada. O marasmo inicial das músicas é cativante, então, como num estrondo, as músicas crescem e ganham potência com a voz de Marcus Mumford.

O álbum começa de modo especial. A faixa homônima ao segundo trabalho começa vibrante e é muito mais do que uma abertura ou cartão de visitas. É uma prévia de que o que está por vir será ainda melhor.



São doze faixas, com três bônus, totalizando quinze, mas elenco I Will Wait, Holland Road, Ghost that We Know, Love of the Light, Lovers Eyes, Hopelless Wanderer (a melhor faixa, para mim) e Where are you Now (que fecha Babel com maestria).

O ponto que quero enfatizar é simples: Babel é muito parecido com Sigh no More, mas é melhor. Fica claro que o grupo londrino evoluiu, e não foi pouco, de um trabalho para outro. O número de faixas é maior do que no álbum anterior, cinco a mais, mas tudo corre tão bem durante os 52 minutos que não há cansaço quando termina a última faixa. Pelo contrário: você quer ouvir mais e mais e mais.

Não é por acaso que o trabalho, lançado em 24 de setembro deste ano, está no topo de pelo menos quatorze paradas de sucesso por todo mundo, incluindo UK Albums Chart e US Billboard 200.

É incrível perceber que um estilo tão tradicional, como é o caso do folk, pode seguir encantando. E o melhor: sendo melhorado, sem fugir das origens. Tudo está lá: o banjo, as vozes sobrepostas e as melodias bucólicas e melancólicas, mas passados de um modo fresco e marcante.

Mumford & Sons não só quebrou um “estigma” sobre o segundo álbum, como conseguiu garantir um lugar de respeito no topo das paradas e provar que não é uma banda de um álbum só, ou pior: de algumas músicas, como é comum de se ver nos dias de hoje.

Babel é uma releitura do folk. Uma releitura sem perder a essência. É um trabalho que prova o valor de um grupo e de um gênero que parecia esquecido, e que ganhou força no mainstream nos últimos anos com representantes talentosos e “tradicionalmente inovadores”.


Um comentário:

  1. Eles são muito jovens e curiosos, além de muito talentosos. Espero que não se corrompam. Love of the Ligh e Lovers Eyes são minhas preferidas! :)

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