Metronomy na corda bamba entre passado e presente
Pela segunda vez no Rio de Janeiro, no mesmo Circo Voador que os recebeu em 2011, o Metronomy tinha a ingrata missão de provar que seu mais recente disco, "Love Letters" (2014), não corria o perigo de ter suas faixas confessionais e nostálgicas ofuscadas. A missão poderia ser abortada pela competição vista na arena da Lapa. Rivalizar com hits como, “Radio Ladio”, “A Thing For Me” e “Heartbreaker” – de seus dois melhores álbuns, “Nights Out” (2008) e “English Riviera” (2011) –, soa inocente quando não se tem, nessa nova fase da banda, uma identidade sólida.
Mesmo ineficientes em provar que o último disco está no mesmo patamar dos anteriores, o público que lotou a casa, em semana de feriado prolongado na cidade, nem pareceu se abalar com a posição. Com a mesma empolgação que acolheu suas velhas conhecidas, o público cantou “I’m Aquarius” e “Reservoir” – pérolas perdidas de “Love Letters – e caiu nas graças do baixista Gbenga Adelekan, dono de performance intensa e carismática.
Se em 2011 o Metronomy mostrou equilíbrio entre o pop o eletrônico e estava em perfeita sintonia com a audiência, o quarteto freou os ímpetos, deixando a impressão de que o primeiro encontro no Circo Voador foi inesquecível e não superado nessa turnê “Love Letters”. O passado e presente do grupo não se comunicavam no palco.
A certeza que fica ao final dos 90 minutos de apresentação é que o Metronomy assume duas posturas totalmente conflitantes: a de banda indie-dance, relevante em cenário com Cut Copy, Foals e Friendly Fires, e outra retrô que admira os sons dos anos 60 e 70. A diferença fica evidente na polarização do repertório, parte pra cair na pista (“Love Underlined”, “You Could Easily Have Me” e “Holiday”) e outro pra contemplar Joseph Mount, Oscar Cash, Gbenga Adelekan e Anna Prior em suas investidas desaceleradas (“The Upsetter”, “Never Wants” e “A Month Of Sundays”).
É este Metronomy, com seu charme antiquado e de harmonias doces, que fecha a segunda noite do Popload Festival, no próximo dia 29 de novembro, em São Paulo. Banda que parece minuciosamente reconstruída para parecer perfeita hoje, mas que não esquece o valor de uma multidão urrando e gastando as solas de sapato com os hits do passado.
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Vinícius Cunha
Vinícius Cunha
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