Minha experiência no Lollapalooza Chile




Bernardo O'Higgins (1778-1842), apelidado como "Pai da Pátria", foi um dos principais responsáveis pelo movimento de independência do Chile, sendo também chefe de estado, entre 1817 e 1823. Em Santiago de Chile, capital do país, existem muitos quadros, monumentos e espaços públicos em sua homenagem. Um deles é o Parque O'Higgins, que foi o local escolhido para a realização do Lollapalooza Chile 2015. O evento aconteceu entre os últimos dias 14 e 15,  e eu fui até lá conferir o primeiro dia, cujas impressões compartilho agora com vocês.

Esta foi a quinta edição do Lollapalooza no Chile, que é promovido pela Lotus Producciones. Além de ter como protagonista as bandas internacionais (Jack White, Skrillex e Smashing Pumpkins no primeiro dia; Kings of Leon, Robert Plant and the Sensational Space Shifters e Calvin Harris no segundo), o festival tem uma preocupação nítida com as bandas locais, com a sustentabilidade e com o bem estar do público. Segundo o jornal chileno El Mercurio, o evento conquistou 120 mil pessoas e foi o melhor de todas as edições já realizadas.

Os shows começaram às 12, terminaram às 23h30, com um sol castigando, junto ao tempo seco chileno. O evento foi dividido em seis palcos: VTR (o principal), Coca Cola (o segundo maior), Kidzpalooza, Acer Windows 8 (o menor ao ar livre), d-Box VTR (uma quadra esportiva transformada em uma gigante balada para as atrações eletrônicas, com estrutura totalmente fechada e isolada de luz solar), e Lotus (o menor de todos, mas também com estrutura fechada, realizado em um "teatro").



Os dois palcos principais ficavam lado a lado, ou seja, quando uma atração acabava, você só precisava caminhar uns 5 minutos para assistir ao próximo grande show. E o interessante é que, de frente com eles, havia um morro, onde no topo estavam localizados os bares e cabines de vendas de ficha. Na hora de comer, dava para ficar sentado no morro assistindo ao show de longe, "de buenas". Este era o único espaço que exigia um pouco mais das pernas, as demais áreas do festival eram planas e gramadas, bem diferente do Lolla Brasil que tem subida e descida para todo lado. Também haviam muitas árvores e espaços com sombra para o público fugir do sol escaldante. E entre um descanso e outro, era possível admirar um a Cordilheira dos Andes ou o Cerro San Cristóban. Era montanha para todo o lado!

Para completar a vista, o festival criou quatro pontos com OPEN BAR DE ÁGUA. Isso mesmo, além de você poder entrar com suas próprias garrafinhas, abertas ou fechadas, você podia enchê-la novamente quando quisesse, e não precisava pagar 1.000 pesos toda hora que sentisse sede ;) Bem diferente daqui não, onde só podemos entrar com copos de água, e temos que pagar no mínimo R$ 4 por cada garrafinha de água. Em compensação, não havia venda de cerveja no recinto, pois ele é realizado em uma área pública chilena, e no Chile não é permitido consumir bebida alcoólica em espaços públicos. Entretanto, havia espaços da Jack Daniels e de uma cerveja local, mas não cheguei a conferi-los (e acho que mais ninguém, pois não vi ninguém bebendo álcool por lá, nem mesmo o tradicional Pisco Sour).

Outra curiosidade: haviam cachorros no festival! SIM, CACHORROS. Santiago tem muitos cachorros pelas ruas, e eles normalmente são de médio e grande porte, e são bem tratados pela população, por isso são mansos e bonitos. Não sei como, muitos deles conseguiram entrar no evento e fizeram a graça do Lolla Chile. Para completar a lista de diferenças de forma resumida, era possível entrar no festival também com bicicletas e skates. O ambiente era tão familiar que tinha criança para todos os lados, não só no Kidzpalooza. A preocupação com a sustentabilidade fez o evento criar um parque inteiro, batizado como Área Verde, com diversas tendas que explicavam soluções ambientais. E uma equipe batizada Rock & Recicle fazia a coleta dos POUCOS lixos reciclados que eram jogados no chão. Concluindo, vale a pena pagar a passagem e ir ao Lolla Chile ;)

Shows

Como o festival foi dividido em SEIS palcos, era humanamente impossível assistir todos os artistas. Mas dei o meu melhor para tentar acompanhar o máximo de atrações possíveis. Comecei por Fernando Milagros, um cantor de pop rock e indie chileno que está na ativa desde 2007 e tinha público em pleno sol do meio dia e meio, no palco VTR. Assisti pouco de seu show, porque estava MUITO curiosa em conhecer a tenda eletrônica e os outros palcos. Na tenda eletrônica, tocava Dj Caso, que agitou bastante o público que chegava ao evento. O espaço, por ser totalmente coberto e escuro, ganha destaque pela qualidade da sua iluminação, feita por telões enorrrrmes e lasers.

Em seguida assisti à metade do show de Maxi Trusso, cantor argentino que mistura pop ao eletrônico. A parte que assisti foi muito interessante, principalmente nas músicas "Nothing At All" e "S.O.S", quando todos que estavam sentados na sombra se levantaram para assistir ao show próximo ao palco, com o sol "torando". Nunca havia visto aquilo, gente levantando e correndo para o palco como se fosse ganhar a Mega-Sena. O público realmente se animou com ele, então, se gostar do estilo, vale a pena conferir Maxi Trusso ao vivo.

Fui ao palco Lotus (o que é dentro de um "teatro"), tocava a banda Manu da Banda, que mistura o reggae ao ska e também conquistou o público. Não consegui achar nada sobre o grupo, nem mesmo a página no facebook, mas acredito que eram chilenos, pois cantavam em espanhol. Para os adeptos deste estilo que estiverem curiosos, é a banda de um vocalista loiro, alto, forte e com dread locks, que é acompanhado por uma vocalista morena. Ambos fazem uma dupla excelente, acompanhados por guitarra, violoncelo, bateria, percussão e metais.

Às 15h30, o palco Coca Cola foi ocupado pelo grupo de rapcore mexicano Molotov. Que tem muitos, MUITOS fãs no Chile. O repertório misturam ao rock letras em espanhol e inglês, riffs punks e muito ritmo. O grupo está em atividade desde 1995 e tem sucessos como "Puto", "Frijolero", "Gimme The Power", entre outros. Comparando ao nosso som, se assemelha ao Planet Hemp (mesmo ainda sendo muuuito distante), e para quem quiser conferir, estará no Lolla Brasil também.

Depois assisti aos shows completos de dois velhos conhecidos dos brasileiros. The Kooks, que traz o repertório no seu mais recente trabalho, "Listen", e também os hits, fez um show se sentindo praticamente em casa, já que o baterista Alexis Nuñez tem raízes chilenas. E Foster The People, que também está com novo repertório, com o disco "Supermodel", que já caiu na "boca do povo", tanto que o ápice da apresentação foi "Are You Want To Be", e não "Pumped Up Kicks".



Este seria meu segundo show do Smashing Pumpkins, entretanto, assim como o primeiro, no Planeta Terra Festival em 2009 (se não me engano), aproveitei para dar uma dormidinha (risos). Depois do descanso, parti para St Vincent que... hm, digamos que eu esperava muito mais, e os chilenos também. Deixei o show na metade para já caminhar ao palco principal e aguardar a Jack White. No meio do caminho, uma passadinha no palco Coca Cola, para conferir Skrillex que cativou ao público, mas menos do que eu esperava também. O destaque deste show foram os MILHÕES DE LASERS. Foi um show à parte.

Sou suspeita para falar, pois esperava por Jack White há 10 anos. Mas realmente, foi o show que o público mais se empolgou. Mesmo assim, ainda foi possível ficar próximo ao palco com muita tranquilidade, sem empurra-empurra. Tomado pela iluminação azul, com diversos roadies e qualidade de som excelente, Jack subiu ao palco cerca de três minutos atrasado (minutos que, para mim, foram uma eternidade!). Todavia, "Jack Knows", e decidiu começar o show com "Icky Thump", música que traz influência espanhola-toureira, que combina com o Chile. Tocou faixas do "Lazaretto", do "Blunderbuss", do White Stripes, do Raconteurs, e ainda mandou um cover de "You Know That I Know", de Hank Williams. Se está na dúvida entre Robert Plant e Jack White no próximo dia 28, eu posso garantir com 100% de certeza que não se arrependerá se escolher o muso desta que vos escreve. Bom, e para encerrar, "Seven Nation Army" (então, se só conhece essa, pode chegar no final do show, tranquilo).



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