Filhos da Música Brasileira

Eles seguiram os passos de seus pais e abrilhantam os caminhos trilhados com suas vozes

por Thiago Dalleck


Diogo Nogueira faz jus ao nome de seu pai, João Nogueira


Todos já sabem quem são os medalhões da música brasileira. Há décadas, nomes como Caetano Veloso e Roberto Carlos são venerados, disputando o coração dos brasileiros com os in memoriam Renato Russo, Elis Regina, Tom Jobim e Tim Maia, pra citar apenas alguns.

Vozes maravilhosas, entre compositores e intérpretes, nascem em todos os lugares do Brasil, pois a arte não tem preconceitos nem é bairrista – ela desponta na alma de quem estiver preparado pra comover multidões.

Sendo assim, tudo parece mais fácil se você tiver nascido em casa de artista. Tá no sangue, é quase hereditário. Desde cedo esses sortudos já são banhados de boa música e – tal pai, tal filho – começam a trilhar os caminhos musicais com os próprios passos.

Maria Rita é o maior exemplo disso. Filha de Elis Regina, perdeu a mãe quando só tinha 4 anos. Multiplamente premiada (incluindo seis prêmios do Grammy Latino), a cantora iniciou sua carreira aos 24 anos e já vendeu quase 2 milhões de CDs e DVDs pelo mundo todo. Sua voz magnífica encanta a todos. É de família.

Em 2012, realizou a turnê Viva Elis em homenagem à mãe, cantando músicas que a consagraram nos palcos décadas atrás. É um presente aos ouvidos brasileiros, órfãos de Elis há 30 anos.

"Sempre quis cantar. Mas a questão não era querer. Era por quê. Não gosto de fazer nada sem ter um porquê. Fica mais fácil quando você tem um objetivo, uma meta. O motivo passou a existir quando percebi que ficaria louca se não cantasse." (Maria Rita)



O cantor e compositor de samba João Nogueira faleceu em 2000, mas seu filho Diogo Nogueira vem fazendo jus ao contemplado samba carioca. João até hoje é considerado uma das melhores vozes de todos os tempos da música brasileira, deixando como maior herança ao filho seu timbre inconfundível.

Diogo chegou a ser jogador de futebol por vontade do pai, mas, frequentando rodas de samba desde a infância, logo trocou as chuteiras pelos microfones. Além de ganhar três prêmios do Grammy Latino, Diogo Nogueira compôs o samba cantado na avenida pela escola de samba Portela, no Carnaval de 2008. Hoje, apresenta o programa Samba na Gamboa na TV Brasil.


Ai, mas que saudade
Mas eu sei que lá no céu o velho tem vaidade
> E orgulho de seu filho ser igual seu pai (trecho de “Espelho” – João Nogueira)




Foi em Salvador que nasceu, entre tantos ícones de nossa música, o ilustre cantor e compositor Dorival Caymmi. Misturando tradições baianas com os encantos do mar, suas canções bebem de fontes como a música negra e trazem em seu violão melodia suave, pura e rica.

Falecido em 2008, Caymmi tem uma família que não fica atrás em talento. Todos os seus três filhos – Dori, Danilo e Nana Caymmi – também são cantores e têm carreiras consolidadas.

Na terceira geração da genética artística, surge o nome de Alice Caymmi, filha de Danilo. Com apenas 22 anos, Alice canta desde os 12 e já teve momentos célebres na carreira, como o encerramento dos Jogos Panamericanos em 2007 no Rio, em que apagou a pira e cantou com seu pai para 80 mil pessoas. Também participou do programa Som Brasil especial Dorival Caymmi.

Alice é compositora e em setembro desse ano lançou seu primeiro álbum, que além de canções autorais, inclui releituras de uma música do avô e outra da islandesa Björk. A voz de Alice Caymmi é marcante e encantadora, uma dádiva raríssima.



Outros cantores como Bebel Gilberto (filha de João Gilberto e de Miúcha, sobrinha de Chico Buarque), Davi Morais (filho de Moraes Moreira) e Mart'nália (filha de Martinho da Vila) vêm dando continuidade à história da música brasileira. 

E, nessa história de família, quem ganha somos nós!

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