As músicas de Daniel Pandeló Corrêa

Foto: Ana Telma



Como nós somos loucos por falar sobre as relações mais humanas que temos com a música, de um modo geral, nada mais justo do que convidarmos pessoas que também compartilham deste sentimento para passar por aqui e dividir um pouco da sua experiência musical. Assim, surge hoje uma nova coluna que irá trazer essas tais pessoas: pessoas que, mesmo dedicando suas vidas a outros assuntos, não perdem este vínculo com os fones de ouvido e com o que as músicas têm a dizer.

O Daniel é um velho conhecido aqui do pessoal da casa que opera na forma multiuso: é escritor, roteirista de cinema e TV e comunicólogo. Ao lado da noiva, ele montou a empresa de assessoria Build Up Media, voltada para companhias e artistas, após anos de experiência na indústria fonográfica. 

Recentemente, Daniel também lançou um site pessoal que traz textos e fala um pouco mais de seus planos futuros e de seu trabalho como escritor - já são três livros publicados e uma série de projetos em desenvolvimento.

Para o BACKBEAT, ele conta um pouco da experiência musical da sua vida, que você confere logo abaixo ;)

Qual é a música que mais te lembra sua infância?

Como criança que cresceu no subúrbio carioca, podia enumerar funks e pagodes. Mas lembro bem de Traumas, uma balada pesada e triste do Roberto Carlos. Uma das minhas avós ouvia sempre. 

Na casa da outra, lembro de uns sertanejos bem raiz. Tonico e Tinoco, Milionário e José Rico, essas coisas. Foram tantas coisas tão diferentes entre si que parece que criei uma identidade musical no vácuo entre elas.


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Qual foi a primeira grande conquista da sua vida e qual a trilha sonora ideal pra ela?

Eu entrei na faculdade de cinema escondido. Falei pro meu pai que ia fazer publicidade. Tava morrendo de medo de nunca conseguir emprego. E meio que todo mundo desacreditava essa minha vontade de uma carreira ~artística~. Mas bem... no meu primeiro dia de aula, eu vi o Acabou Chorare em vinil vendendo na rua. Comprei felizão e fiquei o dia todo com aquele disco debaixo do braço. Calma, que isso vai fazer sentido... Naquele dia, com o LP de testemunha, eu consegui meu primeiro estágio. 

Voltei pra casa com aquela sensação de "consegui, porra". Coloquei o vinil na vitrola e berrei Mistério do Planeta. Foi um dos momentos mais lindos da minha vida. 



Como escritor, você também busca inspiração em música para criar? Quais são suas maiores inspirações e como é o processo criativo a partir delas?

Sim! Tive um professor na faculdade que batia muito na tecla que o cinema é áudio tanto quanto visual. E isso ficou em mim. Sempre que sento pra escrever eu penso, antes dos personagens e situações, no clima que aquela história vai ter. E a partir daí eu meio que crio uma playlist, mudo as músicas no celular. É uma loucura. Quando tá bem seminal, as músicas mudam quase todo dia. Minha noiva disse esses dias que não consegue acompanhar esse ritmo. Mas muito do que tenho pegado de influência vem dela, de sugestões dela. Acho que uma das coisas que tem me acompanhado bastante atualmente é o Paolo Nutini, que ela me apresentou. 

Além dele, tem um cara que meio que foi um choque descobrir: Vitor Ramil. Toda vez que ouço uma música dele é como se um universo diferente abrisse na frente. Indico.



Você também tem uma boa experiência com o mundo musical. Quais foram as experiências mais legais e o que elas trouxeram para você?

Eu não me lembro que artista me disse isso, nem quando, mas me falaram no começo da minha carreira com música pra nunca deixar que a arte virasse produto pra mim. Acho que essa foi a principal lição que trouxe. 

É um mundo muito frio feito do calor de show, de músicas e coisas feitas com a alma. Se você conseguir manter a paixão por música, conseguir aproveitar para conhecer seus ídolos (coisa que fiz), ver grandes caras criando na sua frente (também vi) e não ver isso como algo com um preço... Acho que já venceu nesse meio.

Se o mundo fosse acabar hoje e você tivesse que tocar uma música para ficar guardada na história da humanidade, qual seria essa música?

Olha, se eu pudesse passar uma mensagem pro universo do que nós somos atualmente acho que seria Tudo Vira Bosta da Rita Lee hahaha



Alguma música já mudou sua vida? 

Sim. Eu passei por um período de depressão e minha prima me ajudou sem nem saber, me apresentando bandas. Foi na época que conheci o Radiohead, que é minha banda favorita, e também PJ Harvey, Strokes, White Stripes... Mas nenhum disco ou música me ajudou tanto quando o Lost In Space, da Aimee Mann. Foi pelo lado pessoal. Parecia um amigo conversando, falando que ia ficar bem. Indico muito já a primeira do disco, Humpty Dumpty.

So better take the keys and drive forever
Staying won't put these futures back together
All the perfect drugs and superheroes
Wouldn't be enough to bring me up to zero


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Daniel ofereceu três cópias de seu livro "Tristes Camelos" para sortear entre os leitores do site! "Tristes Camelos", definido em seu site, é uma novela sobre obsessões. Sob o ponto de vista de um homem que não consegue lidar com um amor fracassado, a trama expõe personagens que permearam de modo quase desapercebido a vida daquele casal.

Para concorrer a uma cópia de "Tristes Camelos", comente neste post com um endereço de e-mail válido e cruze os dedos! O sorteio será feito na quinta-feira (23).


4 comentários:

  1. rodrigo.s_laurentino@hotmail.com

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  2. Daniel é um cara que acompanho as aventuras dele junto com a dona Pandeló através do Twitter. Espero conhecê-los num futuro breve!
    E ganhar o livro, claro! haha

    Parabéns pela matéria!

    agdast@gmail.com

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