Entrevista: Com primeiro álbum na manga, Winter volta ao Brasil em outubro

Todo mundo que passa a adolescência ouvindo música cultiva, em um momento ou outro, aquela vontade de fazer seu próprio som. Para quem passa ouvindo e assistindo bandas independentes, então, vê que o caminho não é tão complicado como se parece. Samira Winter se encantou por bandas de Curitiba como Poléxia, Sabonetes (hoje Esperanza) e Nevilton. Hoje, com sua banda Winter, já pode ver seu nome ao lado dos ídolos da juventude nos mesmos lugares que ela costumava frequentar.

Esse caminho, no entanto, foi feito quase que em espiral: Samira se mudou para os Estados Unidos para fazer faculdade, conheceu novos sons e, ao final do curso, encontrou sua própria identidade através de um dream pop que fica cada vez mais brasileiro. 

Com um público fiel nos palcos de Los Angeles, sua cidade atual, ela volta com a banda ao Brasil pela segunda vez em outubro para divulgar os EPs Tudo Azul (em português, produzido por Rodrigo Lemos - Poléxia, Lemoskine, A Banda Mais Bonita da Cidade) e Daydreaming em uma turnê que passa por três estados e carrega o desafio de conquistar novos fãs.

O BACKBEAT conversou com Samira, que está se preparando para a experiência com vários outros futuros planos na manga para a banda.

Confira:




Samira, conta um pouco pra gente a sua história entre o Brasil e os Estados Unidos. Neste meio de caminho, como a música surgiu na sua vida?

Meus pais sempre foram uma influencia muito grande para meu amor pela música. Meu pai é americano, então ele me mostrou muito punk rock. Minha mãe é curitibana e ela me mostrou muita musica brasileira. A minha casa sempre teve muita musica rolando e muita paixão por ela, o que me fez querer aprender a tocar violão e cantar. Durante o colegial eu comecei a pesquisar bandas e tive muito prazer em encontrar bandas menores, naquela época escutando bastante indie rock: Poléxia, Sabonetes [hoje Esperanza], Nevilton, Rilo Kiley, Pavement, Pedro The Lion etc. Tive algumas bandas em Curitiba, mas foi quando fui pra faculdade que comecei a seriamente compor e tocar ao vivo. Morando em Boston eu descobri muitos estilos que nunca tinha ouvido, com o shoegaze, o noise e o ambient. Então foi com todas essas influencias e vivências que no meu ultimo ano da facul comecei a banda Winter. Sempre tentando ter a alma e sutileza da voz que vem da música brasileira com sons americanos do dream pop. Quero cada vez mais mesclar esses dois mundos e me conectar, através da musica, com pessoas do mundo inteiro, achando uma linguagem universal. 

Qual é a diferença da recepção da sua música nos Estados Unidos e no Brasil? O que você espera dessa turnê?

Aqui eu vejo a recepção mais direta, pois moro em Los Angeles atualmente e faço muitos shows. Quando canto em português as pessoas recebem muito bem e curtem bastante o som ao vivo. No Brasil, apesar de ter feito uma turnê em Janeiro, ainda sinto que não conectei com um publico numa maneira poderosa. Eu espero que essa turnê em outubro e nas minhas viagens futuras para o Brasil eu possa conseguir me conectar com um publico brasileiro. Gosto bastante quando ouvintes, especialmente depois do release do EP "Tudo Azul", falam comigo via facebook ou twitter. Acho muito legal quando tenho a chance de conversar diretamente com o público. Não tenham receio de mandar mensagens, adoro o feedback e quero ser sua amiga! A interação me inspira muito e me ajuda a melhorar :)

Essa turnê foi organizada por mim num estilo bem DIY e independente. O que é bom, mas também tem suas limitações. Estou muito animada para os shows e será a primeira vez que vou para o Rio Grande do Sul! E sempre fico feliz de tocar em Curitiba, em bares que frequentei e com bandas que admiro muito. Sempre assistia muita banda quando morava em Curitiba, então fico grata de poder tocar aqueles mesmos lugares. Nessa turnê vêm dois amigos meus de Los Angeles que nunca foram pra América do Sul - isso já faz a experiência dos shows extra especial! Espero conhecer mais pessoas, conhecer mais músicos e entender melhor o que está acontecendo na cena musical brasileira.



Compor em português é uma maneira de se aproximar mais do Brasil ou de necessidade pessoal?

Os dois! No momento em que me mudei para os Estados Unidos eu já sentia muitas saudades e tocar, escutar e escrever musicas em português se tornou um veiculo de se aproximar do país! Com certeza é uma necessidade pessoal, pois é um lado meu que às vezes é esquecido quando estou nos Estados Unidos e a musica é mais um jeito de retomar a minha identidade brasileira.  

Como é o processo de trazer o dream pop para a língua portuguesa? Há poucas bandas por aqui que exploram este lado... O que a produção do Rodrigo Lemos trouxe de diferente para o seu som?

Eu amo dream pop e sei que quero escutar esse estilo com a linguagem portuguesa. Acho que os dois combinam muito bem, pois muito dream pop tem vocais suaves e sonhadores e a lingua portuguesa tem muitas vogais que soam muito bem nesse contexto. O Rodrigo Lemos trouxe muita experiência para a mesa: suas ideias, seu talentocom cada instrumento e uma energia muito positiva. Eu não tenho muita expertise no processo de gravação, então me ajuda demais ter outra pessoa com ideias e com uma perspectiva fresca sobre as minhas musicas. Ele teve ideias de bateria, de baixo, de sons legais que eu realmente não teria. Ele gravou as musicas com uma fidelidade bem alta e uma qualidade de muito bom gosto. A produção se tornou bem mais acessível e cada faixa aflorou de uma forma natural e própria.



Quais são os próximos passos da Winter? Há planos para um álbum completo? 

Temos um álbum completinho! Estamos só no processo de discutir com gravadoras americanas sobre o lançamento. Eu tenho musicas novas que vou gravar na Argentina em outubro e continuo escrevendo mais. Esperamos lançar o álbum novo no começo do ano que vem e um single em novembro. Quero também encontrar um apoio para o lançamento no Brasil, pois tem algumas faixas em português. O som do álbum novo é um pouco mais limpo comparado ao som do EP Daydreaming mas não deixa de ser dream pop... hihihi

O que você está ouvindo de legal no momento?

Escuto bastante uma banda da Argentina chamada El Mató A Un Policia Motorizado, um músico local de Los Angeles, Nic Hessler e também nao paro de escutar o primeiro álbum da banda Alvvays! Muito bom! Recomendo todos!


Datas da Turnê da Winter no Brasil:

16/10 - Wonka Bar, Curitiba (com a banda Dunas) 
17/10 - 92 Graus, Curitiba (com Cora e Farol Cego) 
18/10 - Tribos Bar, Maringá (PR) (com Nevilton)
20/10 - Lechiguana, Gravatai (RS) 
21/10 - Casa Paralela, Caxias do Sul (RS) 
22/10 - Beco 203, Porto Alegre (com First Limbo) 
23/10 - Beco 203, Sao Paulo (com Gigi Suleiman) 
24/10 - Puxadinho da Praca, São Paulo (com Audac)

Mais informações aqui ;)

http://samirawinter.bandcamp.com/

0 comentários:

Postar um comentário