As dez melhores músicas nacionais de 2013 - até então

A lista nacional é a que eu mais gosto de fazer. Mas também é a mais difícil: a gente acaba gostando de tanta coisa boa que a triagem, por vezes, é um doloroso processo de tortura.

Feliz que, ao menos neste primeiro semestre de 2013, as respostas vieram muito fácil. E, portanto, listo, sem ressalvas, as 10 músicas nacionais que gostei até agora. E que venham muitas outras por aí!

Bárbara Eugênia


10 -  Come Home - OPALA

Ainda estou tentando decidir se gosto desse negócio de o Rio de Janeiro se acabar em sintetizadores - mas acho que não gosto muito não. O álbum do Dorgas, por exemplo, não desceu bem. Mas temos dois bons usos quase irmãos: o Mahmundi e o OPALA, que são regidos pelo mesmo produtor, Lucas de Paiva (que também trabalhou com o SILVA). O OPALA é coisa da Maria Luiza Jobim, a filha do Tom, que antes assumia os vocais da Baleia. E faz um chillout daqueles de dar vontade de passar a tarde de quarta-feira deitada, aérea, pensando em tudo e nada. Come Home foi a minha escolhida para representar essa vibe.


9 - All I Do Is Haunt These Hills - Champu

Conheci o Roger Paul Mason por conta de um post do BACKBEAT (melhor não dizer qual). Desde então, ele vinha contando sobre a banda que estava formando com alguns de seus amigos brasileiros, integrantes de outros nomes como Cabana Café e Single Parents. Essa brincadeira toda virou o Champu, que veio à terra firme no início do ano com um EP autointitulado, no qual as canções se alternam entre o inglês e o português. All I Do Is Haunt These Hills é um dueto bastante pontual de Roger com Rita Oliva (Cabana Café) que todo mundo deveria conhecer. Tem todo um charme.



8 - Vino Mio Por La Noche - Francisco, El Hombre

Por falar em charme, essa também é a base de Vino Mio Por La Noche, uma canção bilíngue, "feita no Estreito de Magalhães", dos irmãos multiculturais da Francisco, El Hombre, que também já foram destaque por aqui neste blog. Apaixonei-me pela música quando fomos fazer a gravação de um programa chamado Espelho Urbano, que fazemos na faculdade, e entrevistamos os dois, que mostraram a música em primeira mão. Uma semana depois, ela foi tocada em um show realizado na Casa São Jorge, em Campinas (o primeiro deles) e ganhou esse registro em vídeo - mais um da banda que ainda não tem nenhum material de estúdio.



7 - Líquido Preto - Apanhador Só

Você pode até tentar, mas você nunca vai cutucar a Coca-Cola tão bem quanto nessa música do Apanhador Só. Um líquido preto que traz felicidade, reúne os amigos, mas também te deixa gorda e tem muito sódio (aos interessados, saibam que a Pepsi, que, aliás, é meu refrigerante de cola preferido, possui muito menos sódio do que a Coca. De nada.). Não poderia ter caído em outro disco que não Antes Que Tu Conte Outra, no qual a banda gaúcha se encontrou com a sinceridade direta e rasgada. E a melodia dessa faixa é tão boa quanto aquele gole no domingo de manhã, para curar a ressaca...



6 - Once (In The Name Of Love) - Phillip Long

Também ouvi essa pela primeira vez na mesma gravação do mesmo Espelho Urbano do Francisco, El Hombre, e também morri de amores - mas não sabia nem seu nome, como em um amor platônico de transporte coletivo. Baixei Gratitude, o sexto (!) trabalho do workaholic de Araras, São Paulo, primeiramente com a intenção de descobri-lo. Você deveria se apaixonar também. Deveriam abandonar os Damien Rices e James Blunts e começar a pensar em Once (In The Name Of Love) para próxima trilha de casal da novela das nove. De olho (e ouvidos) nela.



5 - Fred Astaire - Clarice Falcão

Gostei de Clarice e já desgostei - não um desgosto de repúdio, mas de enjoar mesmo. Mas não dá para esquecer toda a graça de Fred Astaire (em português), uma das melhores crônicas do amor obsessivo que ela traz em Monomania, seu primeiro álbum. Fred Astaire, o filminho de Clarice, é genial pelos seus momentos, como "nesse tal filme de romance/antes que o público se canse/você me beija no final?" e "porque um beijo obrigado/na tela imprime meio mal". Mais do que uma sacadinha: um recado sincero.



4 - Zelo - Wado e Cícero

Já cansei de derreter meus amores pelo Canções de Apartamento, estreia solo do Cícero que acabou com a gente lá em 2011. Também não é segredo o amor por Marcelo Camelo, que, também solo, se tornou outro e se tornou grande. Wado, no entanto, poderia ficar na minha mesa, mas raramente encontrava um lugar na minha estante (salvo Com A Ponta dos Dedos, de Samba 808 - essa é essencial). A mistura dos três (Camelo produziu) em Vazio Tropical, portanto (sem nos esquecermos também do Momo), chegou para dar o merecido e sonhado passo à frente de Wado - mesmo que contradiga muito do que ele já mostrou até então. Em Zelo, faixa assinada em parceria com Cícero, o encontro dos dois artistas não se dá apenas no imediato: os mais atentos já perceberam um sample de Cecília e Os Balões, como se Vazio se costurasse com Canções. E isso nos chega de forma tão harmoniosa que os sorrisos vêm fácil.



3 - Choose You - Cambriana

A dona dos louros de 2012 nada decepcionou em 2013. Muito pelo contrário: só melhorou. Com o lançamento de um EP, Worker, mais algumas faixas dos goianos vieram ao mundo, mais algumas outras boas surpresas. Mas uma delas me capturou mesmo quando fui assistir a banda ao vivo, aqui em Campinas. É Choose You, uma música com tanta classe que dispensa rasgações de seda.



2 - Roupa Suja - Bárbara Eugênia e Pélico

"Não tínhamos o menor cabimento", atesta o casal personificado por Bárbara Eugênia e Pélico em Roupa Suja, presente no segundo álbum da cantora, É O Que Temos. Não poderia ser diferente: é uma "lavação", da tal roupa suja citada no título, com argumentos que são reconhecidos como inúteis, afinal, o casal "já deu o que tinha que dar". É um casamento perfeito com Que Isso Fique Entre Nós (2011), de Pélico, um álbum todo rodeado pela separação e pelo tom confessional. E, como já deixei subentendido na minha quarta posição, esses casamentos funcionam pra caramba.



1 - Como Dois e Dois - O Cantor Mudo e a Sonora Vaia

Como boa apaixonada e devota de Tudo Que Eu Sempre Sonhei, último álbum da extinta banda Pullovers, era uma no meio dos vários curiosos que aguardavam ansiosos pelos próximos passos de Luiz Venâncio, vocalista e cérebro dos paulistanos. Em 2011, já ficamos sabendo que estes passos ganhariam o nome de O Cantor Mudo, mas o projeto estava a caminho de se tornar um Chinese Democracy da música independente nacional (e o Xi até fez um texto sobre no Rockinpress, para o qual eu colaborei). E em um belo dia de 2013, me vem a notícia de que finalmente iríamos conhecer este resultado. Foi assim que me entreguei novamente às pérolas de Venâncio com O Cantor Mudo e a Sonora Vaia ("A Sonora Vaia" é a banda, formada por integrantes do próprio Pullovers e do Ludov), que não traz um estilo plano como o "sucessor" pelo qual sou apaixonada, mas passeia por diversas referências instigantes. Como Dois e Dois (Roberto Carlos), na versão própria da banda, pop e chiclete, desses que eu adoro mastigar. Tudo certo, muito certo, como dois e dois são cinco.

Um comentário:

  1. Pra quem curtiu francisco, el hombre

    https://soundcloud.com/franciscoelhombreband/sets/ep-2013

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