A trilha sonora de Billy Elliot

Sobre T-Rex, meus 10 anos e balé

Já disse uma ou duas vezes o quanto sou grata à minha professora da 4ª série, a Maria Alda. Diversos são os fatores que me levaram a esta gratidão, e um deles é por ela ter me apresentado Billy Elliot. Sim, em uma manhã chuvosa, ela chegou com um belo VHS recém-locado, dizendo que nós deveríamos assistir àquele filme. É claro que, aos meus 10 anos, não assisti ao filme com o olhar que tenho agora. Mas algo aconteceu naquela manhã que me fez ser apaixonada por este filme e por Jamie Bell até hoje, aos 22.

Billy Elliot é um jovem de 11 anos, criado por seu pai e seu irmão mais velho, que trabalham em uma mineradora de carvão. Assim como o resto da família, Billy se vê obrigado a participar das aulas de boxe, porém, ele é claramente um fiasco. Billy passa a se interessar pelas aulas de balé da sala ao lado, e, quando vê, já entrou para a turma das meninas. É importante enfatizar que o filme quebra o tabu sobre o homossexualismo e dança, já que Billy definitivamente não é gay. Mas, não podemos dizer o mesmo sobre o seu melhor amigo, que adora que vestir as roupas da mãe. Por vir de uma família humilde de homens muito “machos”, é óbvio que Billy passa a sofrer preconceito por sua escolha com a dança.

Uma das melhores coisas sobre Billy Elliot é o clima do interior da Inglaterra da década de 80, em um ambiente de greves, revoltas e quebra de tabus. As músicas são uma atração à parte. A trilha, quase inteiramente composta pela banda T. Rex, traduz incrivelmente a personalidade do jovem reprimido Billy. A primeira surpresa da trilha é a doce Cosmic Dancer, que nos diz que vem coisa boa por aí. Depois nos deliciamos com Get It on e Ride a White Swan, também do T. Rex.



O auge desta trilha fica com outra música da banda, Children of Revolution, em que Jamie Bell demonstra o seu talento como bailarino, além de fazer uma referência aos movimentos políticos que estavam acontecendo na Inglaterra por causa de Margareth Thatcher e a oposição das mineradoras. Também temos a adorável I Love to Boogie, que Billy dança junto à sua professora de balé, depois de pegar “emprestado” o álbum do T-Rex de seu violento irmão.





Como nem só de T.Rex a trilha é feita, destaque também para London Calling, do The Clash, na cena em que Billy resolve trazer o seu lado rebelde ao filme, além de Walls Come Tumbling Down e Shout To The Top, ambas do The Style Council, que também trazem a graça dos anos 80 para a trilha.

Eu poderia dizer que Billy é um filme sobre homens que dançam Balé, mas estaria mentindo. É sobre um garoto correndo atrás daquilo que ama fazer. Sobre descobrir a sexualidade, quebra de preconceitos e sobre talentos. É um filme lindo, dos mais variados ângulos. Eu diria obrigatório.

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