Uma viagem ao mundo do som de macho



As impressões de uma leiga em eventos de punk rock/hardcore sobre o WROS Fest, cuja edição brasileira foi realizada em São Paulo, no último sábado


por Karina Pilotto


Público do WROS Fest (Foto: Renan Facciolo)


Minha concepção sobre os grandes eventos de punk rock/hardcore, inclusive sobre o público, mudou completamente no dia 3 de novembro. Assim que entrei no Espaço das Américas, em São Paulo, para assistir às bandas do WROS Fest, percebi que estava “em casa”. Quando você pensa nesse estilo musical, o que vem a cabeça? Muitos homens juntos, suados, tatuados, barbados, em uma imensa roda-punk. Pois é, mas acabou sendo um rolê mais tranqüilo do que muito show indie por aí, de verdade.

Agora, vamos imaginar: eu, uma pequena de 1,60 de altura, “peso-pluma”, tinha quase certeza de que uma hora ou outra seria atropelada com tanta energia e testosterona do público dessa vertente do rock. Engano meu! Nenhum empurrão, nenhum soco, nada, e olha que fiquei até que perto do palco. Mas é lógico que procurei me afastar de todas as rodas-punk que surgiam. Sabe aquele ditado, “um olho no peixe, o outro no gato”? Então: era um olho no show, o outro na roda.

Minha percepção (a de pessoa NADA A VER no rolê) sobre as bandas: Streetlight Manifesto mandou muito bem ao vivo. Essa era a banda que eu mais queria ver, e sei que eles dividem muitas opiniões. Só sei que superaram minhas expectativas. Perdi o Dead Fish, espiei um pouquinho do Strike Anywhere, e curti muito o show do Alkaline Trio. A banda é bem legal, porém confesso que já estava cheia de dores no corpo nesse momento. Sabe como é, tem hora que o cansaço bate e aí fica difícil acompanhar. O que mais me surpreendeu foi a velocidade das bandas! Em um dos shows (se eu não me engano o do Anti-Flag), tocaram umas cinco músicas em menos de 20 minutos! É uma pegada beeeeeeem acelerada! Mas só curti mesmo quando fizeram um coverzinho bacana de The Clash, com Should I Stay or Should I Go.

Tim McIlrath, do Rise Against (Foto: Renan Facciolo)

A grande atração da noite foi Rise Against - todas as várias mil pessoas do recinto estavam lá para isso. Com mais de 10 anos de banda, eles deram um show que praticamente foi uma aula de “como manter uma boa performance e carisma no palco”. Resumindo: As mina se apaixona e os cara pira no Tim McIlrath, que comemorou seu aniversário com a galera com direito a parabéns e bolo com velinhas; por um momento, a guitarra ficou muda e deixou todos em choque por cinco segundos; foi difícil segurar as lágrimas quando Tim fez uma homenagem ao ex vocal do No Use For A Name, que faleceu em agosto, com um versão do hit Fiona em voz e violão; e, o que mais me impressionou foi como eles conseguiram enriquecer ainda mais as músicas mais esperadas como Savior ou Prayer of the refugee sem deixar a música enjoativa (como o Foo Fighters fez no Lollapalooza, enfim...). RISE AGAINST: Um show MACHO e sensacional!

Depois dessa rápida experiência, agora eu indico o rolê punk rock/hardcore para todo mundo que esteja procurando esse “grito de liberdade”. Vale a pena.

O WROS Fest


O WROS Fest foi o festival mais organizado que eu já fui, mas da bilheteria para dentro. A fila para entrar era gigantesca e andava rápido, mas só para quem já tinha ingresso ou não tinha problemas com o E-ticket. Lá dentro, uma estrutura muito bem estruturada, com caixas, bares e banheiros bem distribuídos. A organização também caprichou na limpeza e na segurança, e era possível sentar-se no chão sem complicações. Minha única crítica negativa vai para a pouca opção de comida (apenas lanchinhos minúsculos a R$10,00 e pipoca), e ao preço abusivo das bebidas (R$5 a água de copinho, R$ 7 o copo da cerveja, R$25 a dose de whisky....). Mas todo bom show, do rock ao sertanejo, sempre tem aquele cachorro-quente esperto na saída ;)




Um comentário:

  1. Infelizmente a cena punk/hardcore é vista de forma bem superficial por quem não pretende se aproximar do estilo.
    Frequentei muitos festivais do gênero a uns 7 anos atrás e sempre voltei pra casa sã e salva, com essa sensação de "alma lavada".
    Parabéns pelo post.

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