Balanço - Planeta Terra Festival 2012

Editora de BACKBEAT aponta os erros e acertos 

por Izadora Pimenta


Minha ida ao Planeta Terra Festival 2012 foi apenas uma curiosidade jornalística (e também a boa oportunidade de encontrar muita gente). Mesmo que "por uma decisão da direção do Portal Terra" (bla bla bla) a credencial tenha sido negada a este site, estava lá graças a um ótimo amigo que conseguiu um ingresso esperto para garantir minha entrada.

Best Coast (Foto: Ricardo Matsukawa/Terra)


Era nítido ver que havia muita gente presente só pela "experiência Planeta Terra". 30 mil ingressos foram vendidos. Kasabian não fez lá muita falta não. Aqueles que estavam lá para ver uma ou outra banda se posicionavam estrategicamente na frente do palco, sem maiores incômodos. Os outros aproveitavam de tudo que o espaço tinha a oferecer - desde a Devassa por R$6 ao banheiro químico (que, para a nossa alegria, possuía pia, espelho e chão forrado por folhas de pinheiro).

Portanto, coube analisar esta ida apontando o que valeu a pena e o que não valeu neste festival tão incerto. 

Confira abaixo e dê seus palpites:


1 - Who Run The World? Girls!


Enquanto 2011 não as comportou no Main Stage, em 2012 o Planeta Terra foi das mulheres. Três desencanadas, cada uma a sua maneira, Bethany, Shirley e Beth deram o tom do festival de surpresas incertas. O Best Coast surpreendeu muita gente ao vivo, inclusive a que vos fala. O Garbage tratou de fazer uma boa viagem para quem viveu intensamente os clipes da MTV. O Gossip eu não cheguei a assistir, mas me arrependi de perder depois que me relataram o fato já desconfiado de Beth Ditto ser uma frontwoman invejável, talvez até deixando no chinelo as outras duas. Mulheres que não vivem de aparências ou firulas - deixam que a qualidade de seu trabalho sobressaia toda e qualquer impressão. Ponto para elas.

2 - Em clima de festinha infantil


Para quem foi esperto e almoçou antes, os preços abusivos de comida do festival não precisaram ser pagos (só os 6 reais da cerveja, o que, para uma Devassa, é caro demais). Marcas trataram de posicionar comidas em seus quiosques, e o algodão doce oferecido pela Gol e o chocolate do Banco do Brasil com certeza salvaram muita gente.

Perdi Gossip :(  #chateada


3 - Sussa


O espaço do Jockey com o público do Terra deixou o festival sussa. Não houve problemas de deslocamento: era fácil assistir ao show de qualquer lugar e encontrar os amigos - tanto pelo acaso quanto pelo sinal de celular, que estava perfeitamente normal, até melhor do que no Playcenter. Não era, claro, tão aconchegante quanto no parque de diversões. Nem tinha o famoso carrinho de Bate-Bate. Mas até que o Terra se comportou ali melhor do que esperávamos.

4 - Dormindo com as galinhas


O horário de encerramento deste ano foi sob medida. O metrô, mesmo que caótico, estava com o horário esticadinho (e, olha que sorte, desta vez era próximo a uma estação!). Um horário de verão se aproximava para deixar o momento mais tarde. Os mais aventureiros ainda poderiam pegar uma festa por aí.

Uma lição a ser aprendida também pelas casas de show que insistem em terminar tarde as apresentações de meio de semana. O horário agrada a todos.

5 - Tchau, preguiça!


Os palcos eram próximos e de fácil deslocamento entre um e outro. Se, ao chegar por lá, a impressão era a de que o som vazaria, ao assistir aos shows a realidade foi bem diferente. Não era complicado sair de uma apresentação para pegar o finalzinho de outra. E os banheiros ainda eram próximos. Estrutura aprovada.








1 - Anfetamina macabra e outras histórias


Decepcionante a escalação nacional do Planeta Terra. Para começar, dá-se a chance para uma banda nova abrir o festival, mas não se faz nada para despertar o interesse do público por ela. E, geralmente, ela realmente não é interessante.

Depois, ganhamos Mallu Magalhães, Banda Uó e Madrid. Por favor, gente. Quem nunca viu o show da Mallu Magalhães (o próprio Terra já contou com ela no line-up - ainda em sua fase menina, mas ok)? Estava lá para tampar buraco. A coitada até chorou com a qualidade do som - afinal, serviu de teste de palco para que as próximas atrações viessem a usufrui-lo.

Não assisti ao Madrid, mas, segundo relatos, Marina Anfetamina estava com o pescoço todo "ensanguentado", aquela vibe toda macabra... Um tanto quanto inapropriado para a tarde de um festival, não? A dupla é boa, mas não encaixava. E quanto a Banda Uó... Sério que vocês querem ver isso no meio de todas aquelas bandas? Nada contra, até acho legal, mas não dá para levar a sério - é tipo o Domingão do Faustão na grade da Cultura.

Uma boa dica para a organização é realmente ficar de olho no que está sendo falado durante o ano. Isso tanto para o nacional quanto para o internacional. No internacional você tem aquela coisa de disputa de bandas para tocar no festival X (tenho certeza de que, se pudesse, o Terra nos daria The Black Keys), mas os nacionais que deveriam estar por lá estão sendo gritados a quatro cantos por aí.


2 - Dois festivais


Com a disposição dos palcos, dois festivais aconteceram paralelamente. Claro que havia um fácil deslocamento, mas a distinção de main e indie não era muito clara. Gossip não era para ser uma banda maior, tendo em vista o público alvo do festival? O main, no entanto, foi mais calcado na nostalgia do que no que realmente está no topo (salvo o Best Coast, deslocado ali).


3 - Caleb Followill virou o Mendigo de Curitiba


Quando o Kings of Leon entrou no palco, pensei que teria as mesmas recordações do show da banda no SWU 2010. Apesar de os caras terem perdido o bonde lá naquele ano mesmo, até que eles fizeram um show redondinho (que não merecia o headliner, o que me faz pensar se eu não deveria ter ido assistir ao Gossip). Mas o grande choque foi um só: Caleb Followill está horroroso. Sem trato. Casamento deveria acabar com as pessoas? Rehab não é desculpa. Sua queda foi nível Mendigo de Curitiba.

Observemos:


4 - I'm Only Happy Sad When It Rains


Que chuva ingrata a que presenteou o começo do festival. Adeus bons lugares para sentar no chão e descansar. Adeus ânimo. Adeus chapinha. A única animadinha deve ter sido Shirley Manson, que só fica feliz quando chove (obrigada Soraia pela piada alcançada). Mas não teve momento mais propício para o Sol aparecer: o show do Best Coast. Que delícia.

5 - Lavagem


Apelo básico: parem de oferecer apenas Hot Pockets e comidinhas de posto de gasolina a preços abusivos. Os festivais deveriam se calcar no exemplo do SWU 2011 que, apesar de ter tudo de errado, ofereceu comidas para todos os gostos. Ou, então, um exemplo melhor ainda: o rodeio de Jaguariúna, que conta com uma praça de alimentação digna de shopping center.

A gente não quer só diversão e arte, a gente quer diversão, arte e comida (e se a marca da cerveja for melhor, ganha mais pontos ainda).

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